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Novo tombo do petróleo: adeus apostas na inflação, olá recessão

Foto: BloombergNovo tombo do petróleo: adeus apostas na inflação, olá recessão
Novo tombo do petróleo: adeus apostas na inflação, olá recessão

Durante boa parte de 2022, o petróleo subiu constantemente à medida que os investidores apostavam que a commodity mais líquida do mundo ganharia à medida que a inflação aumentasse. Essa aposta parece ter desmoronado.

Os futuros de Brent despencaram mais de US$ 10 por barril na terça-feira em Londres, o terceiro maior recuo diário jamais registrado, e caíam mais de $3 na quarta. Em Nova York, o West Texas Intermediate afundou abaixo de US$ 100 pela primeira vez desde 11 de maio, e também estendeu sua queda na quarta-feira.

Meses de liquidez em declínio, juntamente com vendas técnicas e algum operações de produtores para garantirem preço contribuíram para a queda. Mas o verdadeiro impulsionador foi a preocupação com uma recessão e aumentos agressivos das taxas de juros, derrubando a ideia de que o petróleo oferece proteção contra a inflação.

“Os temores de recessão provavelmente empurraram alguns investidores para fora das apostas de petróleo como proteção contra inflação”, disse Giovanni Staunovo, analista do UBS.

Não houve nenhuma piora drástica em áreas do mercado de petróleo que os operadores monitoram de perto em busca de pistas sobre demanda. E há problemas significativos de embarques, com a produção da Líbia caindo e as exportações do Cazaquistão em risco.

Os prêmios pagos por operadores para obter barris mais rápido continuam sendo negociados perto de níveis recordes, sugerindo uma demanda urgente e oferta apertada.

Os barris físicos ainda obtém grandes prêmios sobre preços de referência, e a Arábia Saudita elevou seus preços para a Europa para um patamar recorde poucas horas antes da queda nos futuros.

Os preços do diesel e da gasolina também estão bem acima do petróleo, dando às refinarias um grande incentivo para comprar barris.

O tombo de terça-feira faz parte de um padrão de extrema volatilidade desde que a Rússia invadiu a Ucrânia.

Entre 1988 e o final de 2020, os futuros de Brent perderam mais de US$ 10 por barril em um dia em apenas três ocasiões. Este ano, isso já aconteceu duas vezes desde março. Os movimentos diários na casa de US$ 5 por barril foram mais de uma dúzia no período. 

Medindo a força da moeda americana contra seus principais pares, atingiu o maior nível desde março de 2020, o que torna as commodities mais caras para quem paga em outras moedas.

A volatilidade é impulsionada por uma queda na atividade dos operadores. O número de posições em aberto nos principais contratos futuros de petróleo caiu para o nível mais baixo desde 2015, apontando para um número crescente de investidores que preferem ficar de fora do mercado. Isso deixa o petróleo suscetível a grandes oscilações.

Fonte: Bloomberg