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Maduro celebra saída da hiperinflação e projeta crescimento em 2021

Foto: CRISTIAN HERNANDEZPresidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante prestação de contas do Executivo ao Parlamento, em 15 de janeiro
Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, durante prestação de contas do Executivo ao Parlamento, em 15 de janeiro

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, celebrou, no sábado (15), a saída do país da hiperinflação, depois de quatro anos, e projetou um crescimento econômico de 4% em 2021.

Em sua prestação de contas ao Parlamento, que durou mais de três horas, Maduro apresentou "2022 como o ano do surgimento", em meio à maior crise econômica de sua história moderna, com pelo menos sete anos de recessão.

A inflação em 2021 ficou em 686%, segundo o Banco Central da Venezuela (BCV), com registros mensais abaixo de 50%, o tradicional limite estabelecido para um país superar o quadro de hiperinflação.

O presidente garantiu que 2021 foi o primeiro ano de recuperação e de "crescimento" do país, que até 2020 acumulava sete anos em recessão. 

O BCV não publica dados do Produto Interno Bruto (PIB) desde o primeiro trimestre de 2019, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou que 2020 fechou em -20%. 

De acordo com o organismo, 2021 fechou em -5% e, este ano, também deve terminar no vermelho (-3%). 

"Projeta-se um crescimento anual (em) 2021, já vão dizer os especialistas em seus estudos, superior a 4%", afirmou Maduro, que também falou de um crescimento da "economia real" de 7% no terceiro trimestre, sem dar detalhes sobre este indicador. 

A consultoria Ecoanalítica prevê um crescimento econômico de 3% para 2021. Segundo esta empresa, a economia venezuelana caiu 80% entre 2013 e 2020.

- 'Marco importante' -

O presidente falou em "crescimento" depois do que chamou de "guerra econômica", a qual ele denuncia desde 2015 contra seu governo, e de "bloqueio", por parte dos Estados Unidos, em alusão à política de sanções de Washington para pressionar sua queda. Entre elas, está um embargo petroleiro. 

Maduro reiterou que, em 2021, a Venezuela alcançou "um marco importante, ao chegar a uma produção (de petróleo) de um milhão de barris por dia (bd)". Observou ainda que a meta para este ano é de 2 milhões, valor ainda abaixo dos 3,2 milhões atingidos pelo setor há mais de dez anos. 

Maduro aposta em alavancar a estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA).

Ele também indicou que, como resultado do crescimento econômico, a Venezuela reduziu em 1 ponto a pobreza geral: de 18,4%, no ano anterior, para 17,7%, em 2021. Segundo o presidente, a pobreza extrema se manteve em 4,1%, que, prometeu, será erradicada até 2025.

Segundo o FMI, o PIB per capita da Venezuela caiu para US$ 1.541, abaixo do do Haiti. 

Os números de Maduro sobre a pobreza também contradizem o levantamento publicado em um prestigioso estudo feito pela Universidade Católica Andrés Bello (UCAB). Conforme este relatório, a pobreza é de mais de 94,5%, e a extrema pobreza, 76,6%.

Fonte: AFP