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Rafael Menin explica ação de mecenas no Atlético-MG

Filho de Rubens Menin, principal investidor do Atlético, falou ao ge sobre trabalho de grupo na profissionalização da gestão do clube
Foto: ReproduçãoRafael Menin, um dos mecenas do Atlético-MG
Rafael Menin, um dos mecenas do Atlético-MG

Parece um paradoxo. Elenco recheado de estrelas e fazendo grande temporada, enquanto a dívida global ultrapassa a casa do R$ 1 bilhão. O Atlético-MG deve, não nega, mas vem conseguindo manter uma folha de R$ 24 milhões em dia (valor engloba todo o custo mensal do clube, não apenas salários de atletas) e pagar dívidas que poderiam causar problemas no curto prazo.

Tudo graças à ação de verdadeiros "mecenas", que decidiram participar mais ativamente da gestão do clube há 1 ano e meio. A dívida cresce com eles (sem prazo para pagar), diminui com os outros. Tudo parte de um projeto que, segundo o grupo, visa justamente a "sustentabilidade" no futuro.

É o chamado grupo dos 4 R's, formado pelos empresários Rubens e Rafael Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Ao ge, Rafael, filho de Rubens e CEO da MRV Engenharia (uma das patrocinadoras do Galo e dona do naming rights do futuro estádio), falou sobre o momento financeiro ainda delicado do clube, mas com projeção otimista para o futuro.

- Por mais que o Atlético venha passando por um momento ainda financeiro de fragilidade, esse grupo de apoiadores está fazendo uma ponte pra que a gente tenha lá na frente um clube sustentável, e que possa continuar investindo por conta própria - disse Rafael.

- O Atlético tem um projeto muito bem pensado, de longo prazo. A gente não vai conseguir resolver o problema num prazo de um ano, obviamente leva tempo. Inclusive, apresentamos no Galo Business Day, no começo do ano, um planejamento pra reduzir as dívidas do clube gradativamente e chegar a 2026 com balanço super limpo, organizado, sem dívida, e esse é o trabalho que tem sido feito - completou.

O grupo já existe há mais de 10 anos, mas passou a investir e participar mais ativamente do dia a dia do Galo a partir de 2020. Desde então, já foram cerca de R$ 400 milhões injetados no clube, R$ 253 milhões só em contratações. Tudo emprestado a juros zero, e sem prazo definido para pagar.

- A gente entendeu que o momento político do clube estava pacificado. Existe uma vontade genuína do conselho de evoluir a gestão do clube, ser mais transparente, um exemplo de administração. Neste momento, o grupo dos apoiadores se sentiu confortável em participar desse projeto, importar não só recurso, mas experiência administrativa, empresarial.

"O trabalho é endereçar esse endividamento do clube que é notório, sabido por todos. Hoje o Atlético não tem mais lixo debaixo do tapete, tiramos todos eles"

Assim, o Atlético tem aumentado a dívida no longo prazo, mas conseguido arcar com as que poderiam gerar problemas no curto período. Só na Fifa, em 2021, o clube já conseguiu eliminar oito processos, com custo de R$ 76 milhões. Recentemente, também fechou acordo com o atacante Maicon Bolt para o pagamento de outra dívida milionária.

- Estamos pagando as dívidas da FIFA, impostos sendo pago, fornecedores também importantes, a gente vai repactuando e pagando as principais dívidas. É um trabalho longo, que exige disciplina. É fundamental o apoio da torcida, mas a gente tem certeza que em pouco anos será um exemplo de gestão administrativa e esportiva - prometeu Menin.

A "intervenção" financeira e administrativa no clube, segundo Rafael, é temporária. Depois (e se) as contas forem colocadas em dia, a ideia dos 4 R's é voltar a serem, apenas, torcedores alvinegros.

- Nosso trabalho é dar um apoio e lá na frente, a gente como conselheiros, vamos continuar sempre na torcida na arquibancada. Não é objetivo nenhum ter uma atuação eu diria acionária no clube, não é isso. Pelo contrário, a gente é torcedor apaixonado. Quer usar um pouco da nossa experiência empresarial para que o clube acelere essa mudança, para ser um clube gerido como uma empresa com uma receita de 500 milhões e mil funcionários.

"O Atlético é uma grande empresa, com 9 milhões de clientes consumidores. Olha o tamanho do potencial desse projeto. Mas para que a gente consiga extrair o máximo potencial, a gestão tem que ser do mais alto nível"

Fonte: Globo Esporte