Meio Ambiente

Quase 90% do desmatamento da Amazônia em Mato Grosso nos últimos 12 anos foi ilegal

O desmatamento na Amazônia mato-grossense é praticamente todo ilegal. Nos últimos 12 anos, 88% da derrubada de floresta amazônica no estado de Mato Grosso não tinha autorização.

A análise foi feita pela ONG ICV (Instituto Centro de Vida) com base nos dados do Prodes, programa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que disponibiliza taxas anuais de desmatamento em biomas brasileiros.

Coincidententemete, de agosto de 2019 a julho de 2020, também 88% do desmate na floresta em Mato Grosso foi ilegal, segundo os dados do Prodes mais recentes analisados pelo ICV.

O Mato Grosso foi o segundo estado com maior desmatamento da Amazônia registrado de 2019 a 2020. Os mais 1.767 km² destruídos no estado só perdem para os 5.192 km² derrubados no Pará. Ao todo, na Amazônia, foram devastados 11.088 km² de floresta no período.

A análise do ICV também aponta que mais da metade (54%) do desmatamento ilegal registrado em Mato Grosso ocorreu em propriedades particulares, o que possibilita rastrear os autores.

Outros 31% ocorreram em áreas não cadastradas.

Fica clara também a concentração de desmatamentos de proporções consideráveis. Segundo o ICV, mais de 40% dos registros de desmate foram de mais de 200 hectares. A análise aponta também uma única derrubada contínua de 5.320 hectares no município de União do Sul.

E como já apontado em diferentes estudos, o desmatamento no estado se concentrou em grandes (mais de 1.500 hectares) e médias (de 400 a 1.500 hectares) propriedades rurais. Respectivamente, o desmate nessas unidades correspondeu a 63% e 25% do total.

A análise do ICV mostra também que menos de 2.000 imóveis rurais concentram toda a área de Amazônia destruída do estado.

Ao mesmo tempo em que o desmate cresceu pouco mais de 3% em relação ao ano anterior no estado, as multas e os embargos registrados pelo órgão ambiental estadual também tiveram aumentos expressivos (em nível federal a situação é diferente).

"Porém, para que o embargo surta efeito, é fundamental que atores de todos os níveis da cadeia de fornecimento de soja e pecuária, como instituições financeiras, frigoríficos, comercializadores de grãos, exportadores, varejistas e instituições financeiras utilizem essa base de dados como referência em suas operações", afirma o ICV, na análise.

Reportagem recente do jornal Folha de S.Paulo mostrou como gigantes da pecuária, como JBS, Marfrig e Minerva, estão conectadas com desmatamento na Amazônia, mais especificamente no Pará.

A pecuária é um dos principais atores envolvidos no desmatamento da floresta. A soja também ameaçava o bioma, ciclo que foi interrompido (ao mesmo tempo em que a produção do grão aumentou) a partir da moratória da soja, acordo a partir do qual ficou proibida a comercialização do produto que tivesse origem em áreas com desmatamento.

A expansão de áreas de plantio do grão já ameaça o cerrado, outro bioma que tem apresentado números elevados de desmatamento.

Fonte: Cidade Verde