Pelas ruas, não é difícil encontrar pessoas que relatam transtornos causados pela fumaça. “Sinto a garganta seca, o nariz ressecado. Sinto falta de ar e as crianças também”, contou a estudante Celma da Silva.
A idosa Francisca Oliveira, dona de casa, reclama da falta de ar e irritação nos olhos. “Peguei uma gripe muito forte. Melhorei, mas é muito chato você dormir com fumaça. Irrita os olhos, a garganta, tudo”, disse.
Os incêndios florestais que aconteceram nos últimos dias na zona rural estão prejudicando também quem vive na área urbana de Caxias. O vento leva a fumaça e dificulta ainda a mais s situação de pessoas que tem problemas respiratórios, principalmente crianças e idosos.
Na Unidade de Pronto Atendimento de Caxias, a demanda cresceu 100% de acordo com a direção da própria UPA. A média girava em torno de 150 atendimentos por dia, chegando até 200. Agora, cerca de 300 pessoas procuram a unidade de saúde reclamando de problemas respiratórios.
“O atendimento já é grande por natureza. Agora, nesse período aumentou e tivemos esse salto de 100%, especialmente de pacientes que são portadores de Asma e outras doenças respiratórias crônicas”, disse o diretor da UPA de Caxias, Giancarlos Lima.
Fogo sem controle
Os incêndios em várias cidades do interior do Maranhão tem desabrigado várias famílias. Caxias é um dos municípios mais afetados pelo fogo descontrolado, que queima vegetação, casas e foi causador da morte de vários animais . De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), mais de quatro mil incêndios do tipo foram registrados no Maranhão só em outubro.
O tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, Raimundo Guterrez, afirmou que as altas temperaturas nesta época do ano contribuem para o aumento das queimadas. “Qualquer centelha começa uma ignição e como a temperatura está muito alta e a umidade baixa isso é um problema grave”, explicou.
Após decretar situação de emergência, o governo do Maranhão anunciou o reforço do efetivo dos bombeiros na região Leste do estado.
Neste fim de semana, voluntários da Cruz Vermelha vão sair de São Luís para doar às vítimas em Caxias, o que for arrecadado até esta sexta-feira (19). As doações devem ser feitas na sede da Cruz Vermelha, no bairro Monte Castelo, na capital.
Queimadas
O Maranhão é o 4º estado brasileiro com o maior número de queimadas, segundo dados do INPE. No Brasil, em 2016 foram registrados 73.946 casos de queimadas e incêndios florestais. Destes, 6.508 aconteceram no Maranhão.
Atualmente, o estado tem 159 municípios em situação de risco crítico, 19 com risco alto e cinco com risco médio de queimadas ou incêndios florestais, atingido Terras Indígenas, Biomas e Áreas Protegidas por legislação ambiental estadual e federal.