Economia e Negócios

Dólar tem queda ante real; mercado monitora expectativas para juros nos EUA

Foto: REUTERSPedestre passa em frente a casa de câmbio em São Paulo
Pedestre passa em frente a casa de câmbio em São Paulo

O dólar começava a semana com perdas ante o real, já que investidores têm enxergado um ambiente local benigno para a moeda brasileira, embora temores de aumentos mais rápidos dos juros nos Estados Unidos continuassem no radar nesta segunda-feira.

Às 10:08 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,65%, a 5,2905 reais na venda.

Na B3, às 10:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,77%, a 5,3180 reais.

A moeda norte-americana dava sequência às perdas registradas na semana passada, quando acumulou baixa de 1,24% --seu quarto recuo semanal consecutivo. Na sexta-feira, o dólar fechou cotado a 5,3249 reais na venda.

Anilson Moretti, chefe de câmbio da HCI Invest, disse à Reuters que a desvalorização recente do dólar é reflexo do patamar elevado dos custos de empréstimo locais. Com a taxa Selic atualmente em 10,75% ao ano, o carrego (retorno oferecido por diferenciais de taxas de juros) do real é bem atraente para investidores estrangeiros, o que tem intensificado o fluxo de recursos para o Brasil.

Nesse contexto, o real tem potencial de se valorizar ainda mais frente ao dólar ao longo deste mês, com a moeda norte-americana podendo ir abaixo do patamar de resistência de 5,26 reais, afirmou Moretti.

Mas investidores continuavam atentos aos riscos, com a perspectiva de posicionamento mais agressivo do banco central norte-americano no combate à inflação despontando como uma das principais ameaças para divisas de mercados emergentes.

O Federal Reserve já havia telegrafado aos mercados em sua última reunião de política monetária que começará a elevar sua taxa de juros em março. Mas, na semana passada, dados robustos de emprego dos Estados Unidos despertaram algumas apostas de que essa alta inicial será de 0,5 ponto percentual, mais agressiva do que o ritmo de 0,25 ponto inicialmente precificado pela imensa maioria dos investidores.

O Departamento do Trabalho norte-americano informou na sexta-feira em seu relatório de empregos que foram criados 467 mil postos de trabalho fora do setor agrícola nos EUA em janeiro. Os dados de dezembro foram revisados para cima, para mostrarem abertura de 510 mil vagas, em vez das 199 mil relatadas anteriormente.

"Junto com o contexto de inflação mais elevada, esses dados estão em linha com o endurecimento recente do discurso por parte do Fed", disseram economistas do Bradesco em nota.

Juros mais altos nos EUA tendem a beneficiar o dólar globalmente, já que elevam a rentabilidade dos títulos soberanos norte-americanos, considerados o ativo mais seguro do mundo.

Neste pregão, o BC fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento de 1° de abril de 2022.

Fonte: Reuters