Política

Depoimento de Teich compromete Bolsonaro e coloca gestão federal sob fogo

Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoEx-Ministro da Saúde Nelson Teich
Ex-Ministro da Saúde Nelson Teich

No depoimento à CPI da Covid nesta quarta-feira (5), o ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, reconheceu não ter tido autonomia e liderança indispensáveis ao cargo e que a insistência no uso da cloroquina foi a gota d’água para sua demissão.

Sobre a cloroquina, o ex-ministro ressaltou o risco de uso, por causa dos efeitos colaterais do medicamento, e a inexistência de dados que comprovem qualquer benefício no tratamento da Covid.

Teich reforçou o relato de interferência do presidente Jair Bolsonaro para expandir o uso da cloroquina e a falta de qualificação de Eduardo Pazuello para o cargo de ministro.

Ele também comentou que atuou, no início do desenvolvimento das vacinas por laboratórios internacionais, para tentar trazer o estudo da AstraZeneca para o Brasil, com o objetivo de que o país pudesse ter acesso facilitado ao imunizante.

Imunidade de rebanho

Teich afirmou que a imunidade ao coronavírus se adquire através da vacinação e que é errada a teoria da imunidade de rebanho – que prevê que a imunidade se adquire quando uma expressiva parcela da população tiver sido infectada.

“Imunidade de rebanho é um erro. Imunidade [contra o coronavírus] você vai ter através da vacina e não de pessoas infectadas. Imunidade através de infecções é um erro”, afirmou durante sessão da CPI da Covid.

Senadores trabalham com a hipótese de que o governo Bolsonaro apostou na teoria da imunidade de rebanho e por isso negligenciou as ações de enfrentamento à pandemia.

Cloroquina

O ex-ministro da Saúde afirmou ainda que médicos que recomendam hidroxicloroquina para pacientes infectados pelo novo coronavírus estão escrevendo prescrições “inadequadas”.

“Em relação à parte ética, essas pessoas acreditam no que estão fazendo, mas a minha impressão é que a prescrição é inadequada. Na minha opinião seria mais uma questão em relação à competência do que uma coisa criminal”, afirmou.

Aprovação de requerimentos

Para a semana que vem, a CPI da Covid decidiu convocar o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas. Nesta quinta (6) será ouvido o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Outros convocados:

– Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência;
– Presidente da farmacêuticas Pfizer;
– Representantes da Fiocruz e Butantan.

Fonte: Mindia Ninja