Política

CPI da Covid: diretor da Prevent Senior não comparece

Diretor da Prevent Senior não vai à CPI da Covid nesta quinta, diz presidente da comissão
Foto: Jefferson Rudy/Agência SenadoMinistro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante depoimento na CPI da Covid.
Diretor da Prevent Senior não comparece

O diretor-executivo da Prevent Senior, Pedro Batista Júnior, não vai comparecer à CPI da Covid nesta quinta-feira (16), informou ao blog o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM).

O depoimento de Batista estava previsto para esta quinta, mas ele disse à CPI que a marcação foi feita em cima da hora e que, por isso, não teve tempo de se organizar para ir a Brasília.

A empresa, segundo relatos obtidos pela comissão, teria indicado a seus usuários o uso de remédios comprovadamente ineficazes para o tratamento da Covid.

Em nota, a Prevent Senior disse que o departamento jurídico recebeu e-mail da CPI com a intimação para o depoimento de Batista no fim da tarde desta quarta (15).

Ainda segundo a empresa, os advogados do diretor-executivo disseram que não haveria tempo hábil para comparecer à comissão.

"Isso porque, de acordo com o artigo 218 (parágrafo segundo) do Código de Processo Civil, o prazo mínimo para atender a uma convocação desta natureza é de 48 horas", afirmou a empresa na nota.

Mortes ocultadas em estudo

A Prevent Senior ocultou mortes de pacientes que participaram de um estudo realizado para testar a eficácia da hidroxicloroquina, associada à azitromicina, para tratar a Covid. Os dados estão num dossiê ao qual a reportagem teve acesso.

O estudo foi apoiado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e é usada pelos defensores da cloroquina para justificar a prescrição do medicamento.

Um médico que trabalhava na Prevent e mantinha contato próximo e frequente com os diretores da operadora na época afirmou à GloboNews que o estudo foi manipulado para demonstrar a eficácia da cloroquina. Segundo ele, o resultado já estava pronto bem antes da conclusão do estudo.

Áudios, conversas em aplicativos de mensagens e dados contraditórios relativos à pesquisa - divulgados pela própria Prevent e apoiadores do estudo, como Bolsonaro – reforçam a suspeita de fraude.

A operadora informou, por nota, que "sempre atuou dentro dos parâmetros éticos e legais e, sobretudo, com muito respeito aos beneficiários".

A pesquisa começou a ser feita em 25 de março. Em uma mensagem publicada em grupos de aplicativos de mensagem, o diretor da Prevent Fernando Oikawa fala pela primeira vez do estudo e orienta os subordinados a não avisar os pacientes e familiares sobre a medicação. “Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, (sic) sobre a medicação e nem sobre o programa.”

Dos nove pacientes que morreram, seis estavam no grupo que tomou hidroxicloroquina e azitromicina. Dois estavam no grupo que não ingeriu as medicações. Há um paciente cuja tabela não informa se ingeriu ou não a medicação.

Houve, portanto, pelo menos o dobro de mortes entre os participantes que tomaram cloroquina. Para preservar as identidades, a reportagem vai mencionar apenas as iniciais, o sexo e a idade dos que morreram.

Fonte: G1

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