PIAUÍ

Ceir faz três anos e é modelo de reabilitação para o Brasil

foto:CEIR

Há três anos, um grande sonho, desejado por milhares de piauienses, tornou-se realidade. O Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), inaugurado em 5 de maio de 2008, colocou em prática o projeto de suprir a grande demanda dos atendimentos especializados em reabilitação física e/ou motora no Estado do Piauí.

A iniciativa de criação do Ceir surgiu a partir da necessidade de se dotar o Estado do Piauí de um serviço de referência nas áreas de reabilitação e readaptação, destinado, principalmente, à população de baixa renda. Ele é um Centro de Excelência capacitado para o atendimento de uma grande demanda de pacientes que buscavam em outros Estados um atendimento de referência em reabilitação física.

O sucesso do projeto foi garantido já em seu nascimento com a busca de parcerias de know how em reabilitação e em readaptação, como a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) e o Centro de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), de Goiânia.

Dessa forma, o Ceir foi construído pelo Governo do Estado do Piauí em parceria com o Governo Federal, com orientações e supervisão da AACD. Do Crer veio o modelo de gestão bem-sucedido e o Centro passou a ser gerenciado por uma organização social sem fins lucrativos, a Associação Piauiense de Habilitação, Reabilitação e Readaptação (Associação Reabilitar).

O Centro faz parte da Rede Estadual de Reabilitação, formada ainda por 37 unidades de reabilitação de média e baixa complexidade. Com a alta complexidade, o Ceir se torna o coração dessa Rede.

Caline Santos
De lá para cá, cerca de 172 mil atendimentos já foram realizados. Caline Santos é um ótimo exemplo das conquistas proporcionadas pelo Centro. A garota, desde setembro de 2009, faz tratamento no Ceir e, no auge dos seus 5 anos de idade, já tem muito o que ensinar.

A força da Reabilitação

Caline foi diagnosticada com mielomeningocele, doença que causa, entre outros sintomas, fraqueza nos membros inferiores, dificuldades para andar e sentar. O acompanhamento da equipe multidisciplinar, composta por médicos, cirurgiões ortopédicos, fisioterapeuta, psicólogo, assistente social e demais terapias do Ceir foram fundamentais na sua reabilitação.

“A Caline teve uma ótima evolução. Quando ela deu entrada no Ceir, o seu nível de limitação de movimentos era muito grande. Trabalhamos progressivamente, ela aprendeu a sentar, andar com andador e hoje caminha de muletas. É surpreendente ver uma menina de cinco anos, na situação como a dela, andando de muletas, já que requer muita força e dedicação”, explica a fisioterapeuta do Ceir, Raquel Azevedo, que acompanhou a menina, literalmente, desde seus primeiros passos.

Pela Oficina Ortopédica do Centro, Caline adquiriu os equipamentos ortopédicos necessários para o tratamento, como o primeiro andador, em seguida as muletas, tutor longo (um aparelho que auxilia a locomoção) e as duas órteses de membros inferiores.

Outro aspecto a ser destacado é a ponte entre o tratamento e o acompanhamento familiar, que é de grande valia durante a reabilitação física. O estímulo da família no caso de Caline é destacado pela fisioterapeuta, que afirmou o empenho não só da paciente, como de toda a família em promover e potencializar as habilidades da garota.

Prestes a receber alta do setor de fisioterapia, a garota é um orgulho só. “Eu sou muito forte, tá vendo meu braço?” insiste Caline em demonstrar a força que adquiriu durante o período do tratamento.

Todos os dias, nos corredores do Ceir, cada colaborador, familiares e pacientes, sonham e realizam dezenas de sonhos, que envolvem muita vontade e superação, fazendo da reabilitação física uma realidade diária no nosso Estado.

Oficina ortopédica: fábrica de sorrisos

Na Oficina Ortopédica do Ceir, os números também são impressionantes. Ela foi implantada um ano depois da inauguração do Centro e já foram produzidas cerca de 13 mil órteses, próteses ou outros meios auxiliares de locomoção. Tudo é feito sob medida para cada paciente. Mas, o que é gratificante mesmo é o sorriso estampado no rosto de cada paciente ao voltar a andar ou, simplesmente, ter um pouco mais de independência na vida.

Eduardo Carvalho
O jovem Eduardo Carvalho, de 24 anos, é um desses pacientes e exemplo da transformação que o atendimento realizado através do Centro pode proporcionar. Em razão de um problema genético, Eduardo teve a perna esquerda amputada quando tinha apenas 18 anos. Pouco tempo depois da inauguração do Ceir, ele buscou atendimento no Centro, iniciou tratamento fisioterápico e conseguiu uma prótese que lhe possibilitou voltar a caminhar após anos de muletas e cadeira de rodas. “A prótese mudou muita coisa na minha vida. A satisfação de voltar a caminhar, ter a minha liberdade, tudo isso não tem como explicar”, afirma.

Mais do que o prazer de caminhar, a prótese devolveu a Eduardo a independência. Hoje, ele é estudante universitário do curso de sistemas de informação e tem mobilidade para fazer tudo sozinho. “Quando cheguei ao Ceir, era muito grudado nos meus pais, dependente. Ter contato com outras pessoas com o mesmo problema, a prática esportiva e a prótese me deram segurança e autoestima para ser mais independente”, explica Eduardo.

A Oficina Ortopédica tem capacidade para produzir até 400 peças por mês, mas os produtos possuem tempo de produção diferenciado, dependendo do tipo e da complexidade exigida como característica necessária para cada paciente. “Desde 2010, a Oficina Ortopédica implementou uma novidade com a produção de próteses para membros superiores”, explicou Paulo André Ramos, coordenador da Oficina Ortopédica.

Mais de 145 mil piauienses que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) possuem deficiência física e/ou motora, podem ser beneficiados diretamente pela Oficina Ortopédica do Ceir, além de pessoas vítimas de acidentes de trânsito, AVC (Acidente Vascular Cerebral - conhecido como derrame cerebral), crianças que nascem com paralisia cerebral, pessoas que sofrem amputações ocasionadas por acidente ou algum tipo de doença, como o diabetes.

Reabilitação também é convívio social

O Centro Integrado de Reabilitação oferece atendimento às pessoas com deficiência física e motora, proporcionando condições de reabilitação que favoreçam o convívio social e o desenvolvimento de atividades diárias dos pacientes. Uma das grandes vantagens do Ceir é que, em um único dia e no mesmo local, o paciente poderá ter vários atendimentos. Por exemplo, ele pode ser atendido na fisioterapia, na hidroterapia, na terapia ocupacional, de acordo com a indicação médica.

O Centro oferece um atendimento multi e interdisciplinar nas áreas de arte-reabilitação, enfermagem, fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, hidroterapia, musicoterapia, nutrição, odontologia, pedagogia, produção e adaptação de órteses/próteses, psicologia, reabilitação desportiva e várias especialidades médicas.

Samara Silva
Todas as quintas-feiras, Aila Fernanda, Samara Silva, Francisca Larissa e Romário da Silva se encontram entre sorrisos, conversas, trabalhos e esforços. Eles fazem parte do grupo de arte-terapia do Ceir.

A arte-reabilitação utiliza a expressão das diversas linguagens artísticas, em atividades individuais e em grupo, visando ao desenvolvimento das potencialidades dos pacientes, que são acompanhados por uma equipe multidisciplinar, oferecendo recursos clínicos para adaptação, readaptação e reabilitação da pessoa com deficiência física.

Em meio às atividades de reabilitação no Centro, muitas histórias se cruzam, como as de Samara, Romário e Francisca Larissa.

Samara conta que teve AVC hemorrágico em 2007, quando tinha treze anos. A adolescente faz tratamento no Ceir e sonha um dia poder trabalhar no Centro como recepcionista, contribuindo com o atendimento da instituição.

Francisca Larissa, amiga de Romário e de Samara, é também beneficiada pela terapia em grupo. A garota conta que conheceu o Ceir através de uma amiga e desde então participa das sessões de psicologia, artes e esportes da instituição. “Antes de conhecer o Centro, eu me sentia muito sozinha; aqui conheci muita gente e fiz vários amigos”, comenta.

Francisca Larissa
No Ceir existem salas específicas para cada terapia, equipadas com o que há de mais moderno para o desenvolvimento das atividades. O Centro possui ainda três piscinas térmicas, uma quadra poliesportiva, uma sala de Atividade da Vida Diária (AVD) que simula uma casa com móveis e objetos e trabalha as condições necessárias para que o paciente possa desenvolver habilidades que o tornem o mais independente possível, sempre respeitando suas limitações.

As famílias dos pacientes também são orientadas e acompanhadas pelos profissionais do Centro, para que possam compreender a evolução e tenham como contribuir para o avanço deles em casa, no lazer, no trabalho.

Sonhando mais e mais

O Ceir trabalha para oferecer dois novos braços de serviços para a sociedade piauiense nos próximos meses: o Centro de Diagnóstico e o Ceir Móvel.

Com equipamentos de última geração, o Centro de Diagnóstico recebeu investimentos de cerca de R$ 5,7 milhões e será credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar uma série de exames.

Ele permitirá aos pacientes do Ceir fazerem os exames exigidos pelos médicos e terapeutas na própria instituição, mas também será aberta a toda a população piauiense.

Já o Ceir Móvel, composto por um micro-ônibus e um caminhão, pretende descentralizar o atendimento oferecido pela instituição. O Ceir Móvel realizará a entrega de órteses, próteses e cadeiras de roda, além de medição para a confecção de novos aparelhos auxiliares de reabilitação. A intenção é estender para o maior número de pessoas possível um atendimento que permita melhoria de vida e inclusão social.

Como solicitar gratuitamente órtese, prótese, cadeira de rodas e tratamento

1º Passo - Procure a Unidade de Saúde mais próxima de sua casa e fale com um médico do Programa Saúde da Família (ou outro médico credenciado pelo SUS). Havendo indicação para tratamento de reabilitação, o médico irá preencher a Ficha de Inscrição disponível nos hospitais, na sede do Ceir ou nos sites ceir.org.br e seid.pi.gov.br. Caso a indicação seja para Produto Ortopédico (órtese, prótese, cadeira de rodas ou outros meios auxiliares de locomoção), o médico fará a prescrição no receituário do SUS.

2º Passo - Junte à Ficha de Inscrição ou receituário do SUS dado pelo médico cópia dos seguintes documentos:
a) CPF e RG
b) Cartão do SUS (Cartão Nacional de Saúde)
c) Comprovante de Residência com CEP (conta de água, luz, telefone etc.)
d) Informe pelo menos um número de telefone para contato

3º Passo - Entregue toda a documentação na Secretaria de Saúde do seu município, ou, para Teresina, na Central do SUS-Teresina, no seguinte endereço: Rua Governador Artur de Vasconcelos, 730 - bairro Piçarra, telefone (86) 3222 0649, Fax (86) 3221 9053. Depois é só aguardar o contato do Ceir, que vai agendar a primeira consulta.

Serviço:
Complexo Estadual de Reabilitação em Saúde e Educação Daniely Dias
Ceir - Centro Integrado de Reabilitação
Avenida Higino Cunha, nº 1515, Bairro Ilhotas
CEP: 64014-220
Teresina - Piauí
Fone/Fax: (86) 3198 1500
ceir.org.br

Fonte: CEIR