Cultura

A ciência finalmente explica por que tem gente que gosta de ser troll

Os trolls são um fenômeno típico da internet e se configuram por pessoas que não costumam ter posturas amistosas em debates online, seja no Facebook, no Twitter ou em caixas de comentários de grandes portais. Mas por que eles existem? Existem traços psicológicos específicos que favorecem o surgimento de trolls? Uma pesquisa conduzida por psicólogos australianos indica que sim.

Por meio de um questionário online, os pesquisadores da Faculdade de Ciências da Saúde e Psicologia da Universidade Federal de Mount Helen, na Austrália, avaliaram 415 homens e mulheres maiores de 18 anos (idade média 23 anos). Os participantes precisavam concordar ou não com afirmações como “apesar de algumas pessoas acharem que minhas postagens/meus comentários são ofensivos, eu os acho divertido” para que fosse identificado traços específicos em suas personalidades.

A combinação entre psicopatia e empatia cognitiva faz com os trolls se divirtam em assediar as suas vítimas

 
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A busca era específica por condições psicológicas como psicopatia, sadismo, empatia afetiva e empatia cognitiva. Ao final, foi possível perceber que os trolls contam especialmente com dois desses traços: psicopatia e empatia cognitiva. A diferença entre as duas formas de empatia é simples: enquanto a cognitiva permite a alguém identificar os sentimentos e emoções de outras pessoas, a afetiva faz com que as emoções alheias causem comoção.

Psicopatia e pitadas de sadismo

Assim, pessoas dotadas de alta capacidade de empatia cognitiva sabem exatamente que tipo de reações seus comentários negativos ou raivosos vão causar. Combinar isso com psicopatia — que é basicamente o pouco apreço por emoções e sentimentos de outras pessoas — é um prato cheio para a formação dos trolls.

“Os resultados indicam que, quando há um alto traço de psicopatia, os trolls empregam uma estratégia empática de predição e reconhecimento do sofrimento emocional de suas vítimas, enquanto se abstêm de experimentar essas sensações negativas”, escrevem os pesquisadores.

O estudo identificou ainda que os trolls costumam ter uma dose de elevada de sadismo em seu perfil psicológico — ou seja, eles se divertem com o sofrimento de suas vítimas. Outro traço verificado pela pesquisa é de que os trolls tendem a ser homens, apesar da maior parte dos participantes da pesquisa (63%) ser do sexo feminino.

Fonte: SCIENCEDIRECT