Dr. Valrian Feitosa

Edgar Rocha
Bacharel em Comunicação Social (Jornalismo)_UFPI e graduado em Letras pela Universidade Federal do Piauí (UFPI). Pós-graduado em Comunicação e Linguagens (UFPI), com atuação na área de educação e no jornalismo impresso, on line, e no rádio. (86) 8836 6357 / 9966 9377

TIMON(MA). Não teve jeito, Lagoa do Sambito começa a desaparecer com seus animais. VÍDEO E FOTOS

Não teve jeito. Apesar dos apelos de grupos que lutam pela preservação ambiental para tentar salvar a Lagoa do Sambito, localizada no Centro-Leste de Timon, nas imediações da ponte metálica, o parque natural irá desaparecer. A única área de preservação ambiental totalmente urbana da cidade e que abriga várias espécies de animais e plantas ainda não catalogados irá ceder seu espaço na natureza para a construção de um ambicioso projeto comercial, visando meramente o lucro: o ‘Cocais Shopping’ que já está em andamento.
Quem não conhece, a Lagoa do Sambito abriga animais como jacarés, sucuris, várias espécies de serpentes, capivaras, cágados, aves típicas de regiões alagadas e várias espécies de peixes típicos de lagoas como o cará, a traíra, o mandi ‘cascudo’, o mandi ‘sete léguas, que, quando afugentado de seu habitat anda léguas rastejando-se em busca de rios e lagoas para sobreviver.
Algumas espécies de plantas ainda não catalogadas também desaparecerão com a construção do Shopping que ocupará quase a totalidade da área alagada. Ninguém soube dizer o tamanho real da lagoa nem da área que será construída do shopping sobre a área da lagoa. Tivemos a informação de que a obra irá ocupar apenas 15% da área da lagoa, mas uma fonte na própria falou em 18%.

Jorge Rios - sec. Municipal do Meio-Ambiente de Timon / foto:Edgar Rocha - portalrg.com

O novo secretário municipal de Timon, Jorge Rios, que pegou o ‘bonde andando’, somente agora está tomando conhecimento das informações e dados da secretaria. Ele disse apenas que recebeu a pasta e não foram repassados detalhes a respeito dos projetos e serviços em andamento.

Jorge Rios disse que convocou o grupo responsável pelo shopping para tomar conhecimento sobre a situação de um projeto polêmico que envolve vários setores da administração municipal e muita cobrança por parte da sociedade timonense. “É um projeto grande e polêmico que envolve além da secretaria municipal do meio ambienta, também as secretarias de planejamento e de obras e desenvolvimento urbano. Questionamos sobre o projeto, mas alegam que será construído um parque ambiental para preservar a lagoa”, disse o secretário.
Segundo o secretário, a preocupação agora é saber se existe um projeto para transferir esses animais para outro habitat. “Se isso não acontecer, para onde irão esses animais, para os quintais das casas”, disse.
Tentamos contato com o dono da obra e responsável pela construção, Claudio Pacheco, por um número de telefone pessoal da operado Claro, mas não tivemos êxito. Queríamos informações sobre planta, tamanho dá área construída e o quanto da lagoa que seria comprometida, ou projeto para transferir animais.

foto: reprodução

Pelas fotos da maquete observa-se que a fauna e flora irão desaparecer. Pelo projeto, apenas uma lagoa no entorno do shopping será preservada mas não no seu estado natural com as plantas e animais, mas uma área totalmente urbanizada. Certamente, esta lagoa não terá estrutura para abrigar jacarés, capivaras, e outras espécies de animais e plantas nativos. Será um lago nos moldes do ‘ Lagoas do Norte’ em Teresina.

foto: reprodução

“Localizado na Avenida Piauí próximo a Gráfica Expansão do mesmo grupo, segundo o site da construtora responsável, o projeto inclui em seu Master Plan, além de um Complexo Residencial com moradores, segundo o site, com alto poder de compra, um amplo Parque Ambiental, o Hipermercado , e, principalmente, o Cocais Shopping, que contará com lojas, variando entre Quiosques, 270 Lojas Tipo, Lojas Âncoras, 16 Lojas de Serviços (lojas menores), Bancos, ampla Praça de Alimentação, Cinemas, Brinquedos, Praça de Eventos, e uma extensa área verde, além de um amplo estacionamento com 705 vagas.”

foto: reprodução

Apuramos que a antiga administração participou do processo de consolidação do audacioso projeto. Por força de uma Lei sancionada pela ex-prefeita criando um parque ambiental do município cujas normas só fortaleceram a construção do shopping, o Grupo de Paulo Guimarães conseguiu todas as licenças ambientais para consolidar o seu projeto comercial. Mais uma vez o poder econômico mostra sua força em detrimentos dos outros.

VÍDEO: portalrg.com publicado no youtube

 Talvez esta seja a última imagem do parque ambiental Sambito ainda com vida

A obra começou no final de dezembro último com previsão de conclusão em 36 meses, até o final de 2015, Se não houver de empecilhos que possam ocorrer no decorrer da execução do projeto, como por exemplo as cheias durante as chuvas, a obra poderá ser entregue antes do previsto, conforme explicou Ademar Coelho, responsável imediato pelo canteiro. Ele disse que está sendo feito no momento o serviço de terraplanagem que deverá ficar no mesmo nível da Avenida Piauí.

foto: Edgar Rocha / portalrg.com

A pergunta que não quer calar é: Será que nos dias de hoje não é mais possível promover o desenvolvimento sem agredir a natureza? Para os famigerados visionários do capitalismo talvez não. Conversei com um dos responsáveis pela terraplanagem, que pediu para não ter o nome revelado, e ele disse que a lagoa não passa de um depósito de esgotos e de lixo acumulado. Com esse discurso, não mais me atrevi em fazer perguntas sobre preservação.
Um shopping pode até trazer desenvolvimento e gerar renda e riqueza para uma região como Timon, mas , será que um empreendimento desta magnitude não poderia ser feito em qualquer lugar da cidade?. Fala em área habitacional de alto poder de consumo no entorno do Shopping, mas será que isso não é supervalorizar o patrimônio e riqueza de um grupo dominante em detrimento do povo humilde de uma região? Será que o povo humilde de uma cidader vai ter acesso ao luxo e esprendor de um empreendimento como esse? Isso só o tempo vai responder.

 Toda cidade que se presa precisa ter uma área urbana de preservação ambiental. Citamos exemplo do parque ambiental de Teresina, do Parque Rio Branco que parece a Floresta Amazônica no Centro de São Paulo, a Floresta da Tijuca no Rio, e o Central Parque, em Nova York, como muitos outros em grandes cidades, considerando que elas tendem a crescer do centro para a periferia.
Talvez nossa geração não vai presenciar isso, mas nossos netos certamente irão saber da importância de uma área verde na região central de Timon.

 

 Fotos: Edgar Rocha - portalrg.com