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Jéssica Bate-Estaca sonha com três cinturões no UFC

O UFC Rio 10, marcado para 11 de maio, na Arena da Barra, se aproxima. E Jéssica Bate-Estaca, que lidera o evento contra a campeã Rose Namajunas, na disputa de cinturão do peso-palha, ainda assimila que está diante de uma oportunidade ímpar na carreira. A paranaense - escalada para encabeçar um card com Anderson Silva e José Aldo - ainda não acredita que disputará o único título em jogo desta edição.

- A ficha está caindo agora que faltam duas semanas para a luta. Estou fazendo a luta principal de um card sensacional. Só tivemos um card parecido quando o UFC trouxe o evento para o Brasil. Vamos ter Aldo, Anderson, Minotouro. Está incrível. Só agora caiu a ficha que vou fazer a última luta, a única pelo cinturão. É incrível para um atleta, para um lutador, ter uma oportunidade como essa - declarou ao podcast "Mundo da Luta".

Foto: Getty ImagesRose e Bate-Estaca farão a luta principal do UFC Rio 10
Rose e Bate-Estaca farão a luta principal do UFC Rio 10

Em sua segunda disputa de cinturão, Bate-Estaca confia que, enfim, conquistará o título e projeta, futuramente, duelar com campeãs de outras divisões em superlutas.

- Eu venho comentando com a minha esposa e com o mestre (Gilliard) Paraná que, ganhando o cinturão dos palhas, vou defender duas ou três vezes e, depois, quero uma luta especial pelo cinturão com a campeã do 57kg. É uma categoria próxima da outra, pelo peso. E gostaria de lutar no 61kg também. Não sei quem será a campeã, ouvi a Amanda (Nunes) dizer que vai se aposentar... Quem sabe eu não faça uma disputa ou com a Amanda ou com a próxima campeã? Já lutei tanto tempo no 61kg... São duas categorias que eu gostaria de lutar e fazer história. Quem sabe eu não ganho três cinturões? Serei a primeira mulher, brasileira, campeã de três campeãs diferentes (risos). Aí colocaria o McGregor no chinelo (risos). Já tem a nova campeã, dona de tudo (risos).

Confira outros trechos da entrevista:

Treinamento

A preparação está muito boa, venho treinando em todas as áreas. Vou estar preparada para o que a Rose tiver para mim. Ela é versátil, troca bem, caminha bem. Para essa luta é diminuir o octógono, encurralar e fazer pressão o tempo inteiro. Na pressão acredito que ela não vai aguentar. Fora que tem a torcida brasileira, que não existe igual. Vai ser pressão psicológica e na força também.

Força feminina

As mulheres vêm mostrando cada vez mais o potencial, a força, a determinação, o quanto podemos fazer lutas boas. A gente também chama a atenção, é guerreira. A gente está provando cada vez mais que merecemos estar ali no UFC fazendo esse tipo de card. Estou feliz demais de poder representar as mulheres no octógono, a minha equipe, minha família e os ideais que eu busquei a vida inteira para estar ali disputando o cinturão.

Lições de Joanna x Namajunas

A gente não pode subestimar nossos adversários. A Rose é uma lutadora incrível, muito boa, inclusive, não teria vencido a Joanna se não fosse capaz, se não tivesse esse poder de nocaute. Eu acredito que a maior lição é não subestimar, estou indo lutar contra uma menina tão dura quanto eu. Lá dentro vai ser uma guerra, tenho que dar meu melhor, achar todas as brechas que puder para vencer essa luta antes dos cinco rounds ou vencer por pontos. É ficar esperta o tempo inteiro, observar, tentar encurralar e não dar espaço. Se der espaço, ela vai fazer o jogo que fez contra a Joanna e vai complicar pra mim.

Clima de respeito

Eu tinha visto entrevistas da Rose dizendo que gostava de lutar na casa do adversário, que se sentia bem com a pressão. A gente tem o "Uh! Vai morrer!", mas o brasileiro é um povo carismático, amigável, que recebe as pessoas bem. Isso vai deixá-la confusa. A Rose e eu somos parecidas nesse quesito do respeito, de saber que todo mundo que está ali trabalhou, se dedicou, treinou, para lutar bem naquele momento. (...) Quando ela lutou contra a Joanna, pegou tudo o que a Joanna usou de ruim, transformou em energia para fazer uma luta melhor e superar os limites. Comigo não vai ter esse problema, porque eu não sou uma pessoa que provoca, mas dentro do octógono vou dar meu melhor e o respeito vai ficar do lado de fora. Lá dentro é a vontade de vencer (risos).

Cinturão

Muda em todos os quesitos. O UFC te vê de forma diferente, vou ter oportunidade de colocar mais pessoas da minha equipe no UFC, a visibilidade que vou ter com o cinturão é bem maior, questão de patrocínio... Vai mudar muita coisa. Só nessa parte vai mudar, mas como ser humano, vai ser a mesma coisa, vou lutar como estivesse buscando o cinturão todos os dias.

Desconfiança sob a PRVT

Antes, o mestre até comentava, que a gente ia com dez lutadores e perdia 11 lutas (risos). Hoje o crescimento da PRVT, tanto no feminino quanto no masculino, vem melhorando cada vez mais. A gente está com atletas muito bons, que estão despontando e estarão no UFC logo, logo. Hoje eu vejo a diferença da PRVT atual para a do passado. Hoje temos o respeito dos outros professores, de outros mestres. Esse cinturão vai fazer uma diferença muito grande para a equipe, para as pessoas que estão treinando comigo. Ser a campeã do UFC e trazer o cinturão para a equipe vai fazer uma grande diferença.

Estratégia

No começo da luta a estratégia é encurralar. É apertar na grade, para ela cansar os braços e as pernas, perder velocidade, movimentação. A gente assistiu às lutas dela, que trabalha bem o jogo de perna, mas não trabalha bem com alguém colocando pressão. A estratégia é cansar na grade, colocar pra baixo, trabalhar o "ground and pound" e tomar cuidado para não dar as costas, porque ela é bem esperta. No momento que você pensa que está vencendo, ela dá o gás final, entra numa posição e fica mais difícil. Na trocação, se eu me movimentar bem, andar pra frente o tempo inteiro, mostrando que não tenho medo da trocação dela, que ela vai ter que aguentar a minha mão, pode ser que saia um nocaute.

Ansiedade

Estou me sentindo bem tranquila. A maior ansiedade que eu já tive foi quando lutei com a Joanna, porque não sabia como seriam cinco rounds, se teria gás suficiente, se a lesão que eu tinha sofrido me atrapalharia. Agora estou 100%, bem treinada, sei que meu gás vai dar para os cinco rounds e vai sobrar. A minha ansiedade é para lutar e voltar para casa com o cinturão. De resto está tudo tranquilo. Às vezes, penso que faltam duas semanas, às vezes, esqueço que vou lutar. A ansiedade está tranquila. Fico muito ansiosa no dia da luta, quando entro no corredor, dá um frio na barriga e penso: "É agora, não tem mais volta, é hora de vencer". É nessa hora que sinto ansiedade.

Música de entrada

Então... O mestre descobriu que podemos entrar com a música da equipe, a "É Hora de Vencer", então todo mundo entra. É uma música que traz inspiração pra gente, fala que é hora de vencer, de jamais se entregar, de levantar e ir à luta, que nada pode nos parar. Entramos com esse clima de vitória, de ser campeão, que nada pode abalar.

Passo seguinte ao título

Vencendo a Rose... Não sei como foi o acordo de contrato dela com o UFC, de ter uma revanche. Pode ser que eu tenha uma revanche com ela. A Nina (Ansaroff) vai ter lutado com a Tatiana (Suarez) e, quem vencer, acaba enfrentando a Joanna. E, quem vencer, poderá ser a próxima a disputar o cinturão. Caso a Rose não receba a chance... Eu aceito uma revanche porque é quando você mostra que não foi sorte. Se o UFC não der a revanche para a Rose, acho que vai fazer uma disputa entre a Joanna e eu. Já lutei com ela, para o UFC seria aquela coisa de revanche, agora com a Jéssica campeã. Em seguida, seria a Tatiana ou a Nina, que estão vencendo tudo.

Fonte: Combate