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Irã denuncia 'assassinato' de oficial dos Guardiões da Revolução

Foto: ReproduçãoO coronel dos Guardiões da Revolução do Irã, Sayyad Khodai, morto por motociclistas em frente à sua casa, em Teerã, no que o Irã denomonou de
O coronel dos Guardiões da Revolução do Irã, Sayyad Khodai, morto por motociclistas em frente à sua casa, em Teerã, no que o Irã denomonou de "assassinato" executado por homens armados.

Um coronel dos Guardiões da Revolução do Irã foi "assassinado" a tiros neste domingo (22) em Teerã, informou a instituição em sua página na internet, acusando pelo crime atacantes relacionados com os Estados Unidos e seus aliados.

"Hassan Sayyad Khodai, um defensor do santuário, foi assassinado em um ataque armado executado por dois motociclistas na rua Mohahedin-e Eslam, em Teerã", informaram os Guardiões no comunicado.

O termo "defensor do santuário" designa qualquer pessoa que trabalhe por conta da República Islâmica na Síria e no Iraque, países que abrigam locais de culto xiita e onde o Irã tem presença.

Os Guardiões da Revolução informaram que a vítima era um coronel e denunciaram um "ato terrorista" cometido por "elementos vinculados à arrogância mundial" (Estados Unidos e seus aliados, segundo a terminologia oficial da República Islâmica).

Uma investigação foi aberta para identificar "o agressor ou os agressores", acrescentaram os Guardiões na nota.

A agência Irna publicou fotos em que aparece um homem coberto de sangue no banco do motorista de um veículo com as janelas quebradas.

O coronel voltava para casa quando foi atingido pelos disparos, por volta das 16h locais (08h30 de Brasília), segundo a Irna.

A agência Tasnim, por sua vez, reportou que Khodai estava "perto de sua casa" quando foi assassinado.

"Sua esposa foi a primeira pessoa que viu o corpo", informou a agência Tasnim. 

O Irã diz estar presente na Síria e no Iraque através do que denomina de "conselheiros militares".

A TV estatal noticiou, sem dar maiores detalhes, que o coronel Khodai era "conhecido na Síria", um país em guerra desde 2011. 

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Said Khatibzadeh, condenou o "silêncio dos países que pretendem lutar contra o terrorismo".  

- "Rede de bandidos" -

Segundo a agência de notícias Fars, o procurador do Irã" se apresentou pessoalmente ao local" dos fatos e determinou "acelerar a identificação e a detenção dos autores deste ato criminoso".

Neste mesmo dia, os Guardiões tinham anunciado a detenção de uma "rede de bandidos relacionados com o serviço de Inteligência do regime sionista" (Israel). 

A rede está envolvida em "roubos, danos de bens privados e públicos, sequestros e obtenção de falsas confissões", acusaram os Guardiões.

O coronel Khodai é a personalidade mais importante assassinada em território iraniano desde que o físico nuclear Mohsen Fakhrizadeh morreu em novembro de 2020 perto da capital em um ataque à sua caravana de veículos.

Fakhrizadeh foi apresentado após sua morte como um vice-ministro da Defesa e chefe da Organização de Pesquisa e Inovação na área da Defesa (Sepand), que contribuiu para a "defesa antiatômica" do país.

O Irã participa há mais de um ano de negociações com várias potências mundiais para relançar um acordo internacional assinado em 2015, que buscava colocar limites ao programa nuclear da República Islâmica, mas do qual os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018.

As negociações estão estagnadas há dois meses, quando parecia que estavam perto de chegar a um acordo.

Um dos obstáculos é a demanda iraniana de que os Estados Unidos retirem os Guardiões da Revolução da lista americana de "organizações terroristas estrangeiras".

Fonte: AFP