Celebridades

Geisy Arruda: 'Não dei a volta por cima, sou a resistência'

Postar fotos sensuais, falar abertamente de sexo e tratar com naturalidade assuntos considerados tabu são coisas bastante difíceis para uma mulher em uma sociedade que é carregada de machismo, pois essas atitudes sempre geram muito preconceito e comentários maldosos. 

Geisy Arruda sabe muito bem disso e, em entrevista exclusiva para o site OFuxico, falou um pouco desse constante julgamento sob o qual vive desde que decidiu se mostrar uma mulher independente, empoderada e sexualmente livre.

Hoje em dia, ela é muito julgada por sua profissão de escrever contos eróticos e sofre hate por postar fotos sexy nas redes sociais. Há mais de dez anos, ela foi hostilizada na faculdade por usar um vestido curto para assistir à aula, caso que tomou proporções gigantescas.

Mas, segundo Geisy, o preconceito já a acompanhava muito antes disso e é inerente ao simples fato de ser mulher. 

“Preconceito é uma palavra que já faz parte da minha vida há muitos anos. Todas as mulheres em algum momento de suas vidas já passaram por algum preconceito. Então, infelizmente, o preconceito faz parte da minha realidade como mulher desde que eu me entendo por gente. Desde 10 anos atrás, por usar uma roupa considerada inadequada por alguns para ir para a faculdade, desde eu postar fotos sensuais e falar de política... Enfim, mulheres sofrem preconceito desde sempre. E eu lido com o preconceito há muitos anos", declarou.

Apesar disso, a influenciadora digital afirmou que não vai deixar de ser quem é por conta da maldade alheia. 

"Infelizmente, infelizmente mesmo, a gente acaba se acostumando com esse preconceito, cria meios de defesa... Mas hoje eu escrevo contos eróticos e esse é meu trabalho, já estou finalizando meu segundo livro, é uma coisa que eu gosto. Então as pessoas que não sabem lidar com isso vão continuar não sabendo lidar, porque eu não vou deixar de fazer o meu trabalho por conta delas", garantiu. 

Com esse pensamento, Geisy Arruda se mostra muito forte e atrai uma legião de fãs, inclusive mulheres que se inspiram nela e em sua luta diária de 'dar a volta por cima'. 

“Eu preciso 'dar a volta por cima' todos os dias. Ser mulher é um preconceito diário, a gente tem o maior número de índice de feminicídio no Brasil, não é à toa. Aqui a mulher morre, morre o tempo todo. Morre se quer se separar do marido, morre se ela usar um decote e o marido achar que não está adequado. Ser mulher no Brasil é um put* perrengue. Então todo dia é um leão que eu mato. E eu sei, tenho ciência, de que sou inspiração para algumas mulheres. Elas são minhas seguidoras, minhas leitoras, e me vêem como uma inspiração não só de vestir a roupa que quer, mas de poder ser uma mulher independente, ter sua casa própria, não depender de marido, não ser obrigada a ser mãe... A mulher tem o seu tempo para tudo, ela tem esse direito sobre seu corpo, de fazer o que quiser - e se não quiser fazer nada tudo bem também - então eu não considero que já dei a volta por cima, mas sou a resistência. Como muitas mulheres também são. E uma das minhas lutas é que as mulheres não só vistam as roupas que querem, mas tenham sua sexualidade respeitada. Porque, ainda hoje, você ser uma mulher sensual, postar a foto que quiser na rede social, já te faz ser criticada, você já é taxada, diminuída, só porque você gosta do seu corpo, está bem com seu corpo e mostra, seja com uma foto de biquíni ou uma foto de lingerie. Algumas pessoas se ofendem e isso é pura ignorância. Pessoas felizes tendem a postar aquilo que gostam. Isso é uma luta diária”, disparou. 

E falando sobre os haters e as mensagens de ódio que recebe, a escritora falou que não se incomoda e a solução que encontrou foi bloquear essas pessoas. 

“Todos os dias, todos os momentos, todas as minhas postagens vêm com haters. Isso faz parte da internet. Infelizmente, ela não é só um rio de flores, ela tem seu lado obscuro. As pessoas criam perfis falsos, fake news... infelizmente isso existe. Mas a maioria são pessoas de verdade, são pessoas que acompanham meu trabalho, gostam do meu trabalho, acompanham minha vida, se identificam com minha personalidade. Então entre 10 comentários, dois são ofensivos, mas são logo bloqueados, apagados e ignorados. E passou. A gente não pode gastar nossa energia com esses dois comentários, sendo que tem outras oito pessoas que gostam de você. Desde sempre tive esse pensamento: é só excluir, deletar e acabou-se o problema”

Durante o bate-papo, Geisy também refletiu sobre sua criação e todo o apoio que sempre recebeu de sua família em tudo, e acredita ser esse o motivo para ser tão decidida e com a cabeça no lugar em relação ao seu trabalho, sua personalidade e seus direitos. 

“Minha família me respeita, respeita meu trabalho. Eles não se metem, nunca me questionaram, nem me censuraram ou me barraram por nada. Eu sempre tive o apoio familiar, uma estrutura familiar, sempre fui livre e minha família me criou para ser uma mulher independente, livre e dona das minhas decisões. Então nunca tive problemas na minha casa, graças a Deus. Talvez por isso que eu seja uma mulher tão forte, com uma personalidade intacta e uma estrutura emocional muito grande, por conta da liberdade que minha família sempre me deu, e do apoio e respeito que sempre tive dentro de casa”, ponderou.

Fonte: O Fuxico