Saúde

Torção no tornozelo - e agora?

Muitos atletas já viraram o pé durante uma prova, treino ou jogo de futebol com os amigos. Uma entorse do tornozelo refere-se à lesão que acomete os ligamentos do tornozelo. A mais comum ocorre na parte lateral ou externa. É extremamente comum e afeta muitas pessoas durante vários tipos de atividade. Pode acontecer concomitante à uma fratura do tornozelo (ou seja, quando os ossos do tornozelo também quebram).


Os pacientes relatam muita dor após a torção de tornozelo. Isso geralmente ocorre por causa de uma lesão em inversão, o que significa que o pé torceu sobre o tornozelo. Ela acontece durante a prática desportiva, devido às mudanças bruscas de direção ou quando o pé fica preso e o corpo gira. Os pacientes se queixam de dor na parte externa do tornozelo com vários graus de inchaço e sangramento sob a pele (isto é, hematomas). 

Tecnicamente, este ferimento é referido como equimoses. Dependendo da gravidade da entorse, uma pessoa pode ou não ser capaz de colocar peso sobre o pé.

Estas lesões ocorrem quando o tornozelo é torcido por baixo da perna, chamado inversão. Os fatores de risco são aquelas atividades, tais como basquete, vôlei, futebol e esportes com salto, em que um atleta pode descer e virar o tornozelo ou o passo no pé de um adversário.

Algumas pessoas estão predispostas a entorse de tornozelo. Em pessoas com um varo do retropé, o que significa que a natureza geral ou a postura dos saltos é ligeiramente voltada para fora, estas lesões são mais comuns também nas pessoas que tendem a ter instabilidade lateral ou frouxidão ligamentar.

Atletas que tiveram uma entorse grave no passado ou mal cicatrizada também têm maior chance de causar uma nova entorse. Portanto, um dos fatores de risco de torcer o tornozelo está em ter instabilidade crônica. 

Aqueles que têm músculos fracos, especialmente os chamados de supinadores, que correm ao longo do lado de fora do tornozelo, podem ser mais predispostos. Entorse pode causar uma lesão grave, estiramento ou laceração de tecidos moles como cápsula articular, ligamentos, tendões ou músculos. Porém, esse termo (entorse) é frequentemente usado em referência específica à lesão de um ligamento.

As pessoas cujos tornozelos torcem com facilidade podem evitar as lesões subsequentes utilizando aparelhos ortopédicos, meias elásticas para os tornozelos e colocando dispositivos no calçado para estabilizar o pé e o tornozelo, como os estabilizadores com velcro ou tapes. Além disso, devem fazer fisioterapia para restabelecer o movimento, fortalecer os músculos que agem no tornozelo e melhorar o equilíbrio através de exercícios de propriocepção, treinos em terrenos irregulares (com supervisão de um profissional da área )

O prazo de recuperação depende da gravidade da entorse. Os ligamentos têm a vascularização regular e cicatrizam lentamente. O reparo é feito por tecido fibroso e colágeno. O prazo é:
Grau I – uma a duas semanas de crioterapia (gelo), mais compressão, elevação, mais fortalecimento muscular e propriocepção (fisioterapia).
Grau II - imobilização de três a quatro semanas. Após faz-se: crioterapia, mais fortalecimento muscular e propriocepção.
Grau III – cirúrgico com recuperação de oito a 12 semanas

A cirurgia não é necessária na maioria dos casos. Mesmo em entorses graves, esses ligamentos vão curar sem cirurgia. O grau da lesão é que irá ditar o tratamento. Talvez, mais importante é a capacidade do paciente para suportar o peso. Aqueles que podem suportar o peso mesmo após a lesão são susceptíveis de voltar muito rapidamente para jogar e praticar esportes, desde que fiquem estáveis. Aqueles que não podem andar necessitam de imobilização e provavelmente fortalecimento através de fisioterapia.

Em geral, o tratamento nas primeiras 48 a 72 h consiste em descansar o tornozelo, gelo de 20 minutos a cada duas a três horas, compressão, imobilização e elevação. O que significa que o posicionamento da perna e do tornozelo para que os dedos estão acima do nível do nariz do paciente. Aqueles pacientes que não podem suportar o peso são melhor tratados em uma bota removível até que eles possam pisar confortavelmente.

A fisioterapia é um dos pilares. Os pacientes devem aprender a fortalecer os músculos ao redor do tornozelo, particularmente os fibulares. A cirurgia é raramente indicada, mas pode ser necessária num paciente que tenha danos na cartilagem ou outras lesões relacionadas. Ligamentos só são reparados ou reforçados em casos de instabilidade crônica na qual os ligamentos não cicatrizaram e/ou permanece a dor após tentativa de tratamento conservador.

Bons treinos!

Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte.

Fonte: Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo