Esporte
Thiago Pitbull comemora UFC em Fortaleza após 18 anos sem lutar em casa
O UFC Fortaleza é especial para Thiago Pitbull. Hoje morador da Flórida, onde treina na renomada equipe American Top Team, o lutador meio-médio (até 77kg) nasceu na capital cearense e se mudou para os Estados Unidos aos 19 anos, e agora, aos 35, retorna para lutar depois de 18 anos de sua última presença num cage na capital cearense. A proximidade da família e dos amigos da juventude é a força a mais que ele espera ter para vencer o americano Max Griffin.
- A energia do povão (é o mais especial em Fortaleza)! Acho que a última vez que lutei aqui em Fortaleza foi há 18 anos, e a última vez que lutei no Brasil foi em 2015, contra o Carlos Condit, e não saiu do jeito que a gente queria. Mas só de poder estar aqui essa energia é uma vantagem, com certeza. Não vou dar um passo para trás, vou correr para dentro dele. Essa é minha mentalidade, esse é meu estilo de luta, e vou trazer aquela agressão extra lutando aqui na terrinha - disparou, em entrevista exclusiva ao Combate.
E não será só o simples fato de ter a família por perto que vai ser especial para Thiago Pitbull. A mãe Valdelice, pela primeira vez na carreira do filho, vai assistir a uma luta dele. O Combate já mostrou, em 2015, que ela não conseguia acompanhar as lutas do filho.
- A família está toda aqui e minha mãe vai assistir pela primeira vez. Ela nunca assistiu. Geralmente, quando estou lutando, ela está rezando, fica no outro quarto e vem checar quando o round acaba. Pela primeira vez ela vai estar lá no público, então vou ter que deixar a mamãe bem tranquila, vou ter que dominar do início ao fim.
No que depender do lutador, a mãe e o pai Luiz serão os próximos moradores da Flórida. O desejo é leva-los para morar nos Estados Unidos para que tenham uma qualidade de vida melhor.
- A gente está conversando. Minha mãe para entrar no avião é muita reza. Como estou ainda na ativa, falei para eles que quando abrir minha academia vou botá-los como dependentes da academia, então é um processo bem mais fácil. Como sou americano hoje em dia, posso pegar o Green Card para eles já, é bem mais fácil. É só convencê-los a deixar o estilo de vida aqui de Fortaleza, que é bom para caramba, eles gostam daqui, e deixar tudo e ir para lá. Eles estão mais velhos, minha mãe com 67 anos e meu pai com 65, e quero que eles aproveitem depois do que fizeram. Criaram três homens e, graças a Deus, estamos bem financeiramente. Está na hora de poderem relaxar um pouquinho. Vou tentar levar eles para lá para passar os próximos anos bem tranquilos.
Curiosamente, a primeira luta de Thiago Pitbull como profissional, em Fortaleza, foi também a última que consta em seu cartel que tenha ocorrido em sua cidade natal. E ele ainda enfrentou um lutador que viria a ser um de seus melhores amigos hoje trabalhando juntos na ATT. Em 2001, Gleison Tibau venceu Pitbull por finalização numa chave de braço.
- Essa foi minha primeira luta de MMA, eu já era lutador de kickboxing e muay thai, e meu coach na época disse: “Vai ter um evento esse final de semana, você vai lutar com um cara aí...”. O Tibau acho que já tinha umas oito lutas (Nota do editor: Tibau tinha feito três lutas). E eu disse: “De quê que é? MMA é aquilo que você pode bater no chão, pode bater em cima, em todo canto? Então vamos nessa”. Foram nove minutos de guerra e no final ele me pegou numa “armbar”, não sabia nem o que era, e fiquei olhando para o meu coach e ele falou: “Bate, senão quebra”, e bati. Mas acho que lutei em Fortaleza depois disso, acho que sim. Mas poder voltar para cá depois dessa evolução do esporte... Hoje em dia o MMA é tão grande como o futebol. Poder estar lutando no UFC ainda depois de tanto tempo é muito especial, não vou desperdiçar essa chance, estou preparado, estou pronto, não vejo a hora de sair na mão.
Ao tentar relembrar a luta na conversa com o Combate, Pitbull primeiro citou o clube Náutico Atlético Cearense como sede da segunda edição do evento Champions Night, mas depois foi corrigido por um amigo de infância que estava próximo.
- Essa luta acho que foi no Náutico... Não, foi no Clube dos Diários. E acho que a gente lutou no (ginásio) Paulo Sarasate (depois). Meu parceiro de treino da época que me lembra onde foi, que eu não me lembro muito, estava tomando porrada (risos). Mas é um sentimento super especial poder voltar depois dessa evolução do MMA (...). Cheguei na American Top Team e três meses depois o Tibau chegou. Falei: "Tibau chegou, agora a gente vai descontar isso aí, aquela luta" (risos). A gente teve várias sessões de treino que foram do caramba. O Tibau hoje em dia é um dos meus melhores amigos. Se você conhecê-lo, o cara está sempre com sorriso de orelha a orelha, não tem tempo ruim. E é maneiro ver essa evolução minha e dele, não só como atleta, mas como pessoa, ele hoje é pai de família, é super maneiro ver o que o esporte proporcionou para a gente.
As preocupações eram outras quando Pitbull lutou em Fortaleza em sua estreia. Ainda na casa dos pais, dinheiro nem era uma questão para se tornar lutador. Hoje, depois de 24 lutas no UFC, o dinheiro precisa estar no bolso para entrar em ação.
- Quando lutei com Tibau tinha 17 anos, e dinheiro não era o foco, o foco era fazer aquilo, ser lutador de MMA que era maneiro para caramba. Acho que naquela luta não fiz dinheiro, devo ter feito dinheiro umas três lutas depois, estava praticamente lutando de graça. Mas como tinha 17 anos e era moleque, com minha mãe e meu pai pagando por tudo, estava tranquilo. Mas mudou para caramba, hoje em dia se não tiver dinheiro não lutou com ninguém!
Depois de mais dez outras lutas após perder para Tibau em Fortaleza, Thiago Pitbull estreava no UFC em outubro de 2005, quando foi finalizado por Spencer Fisher. Ele precisou de quatro anos para enfileirar adversários e conseguir sua chance pelo cinturão, em 2009, contra Georges St-Pierre - e foi derrotado por pontos.
- Saí com 19 anos, nunca tinha passado mais de duas semanas longe da minha família, da minha mãe. Antes de mudar para a Flórida, passei duas semanas em Curitiba, na Chute Boxe, e quando cheguei lá tinha que me sustentar, tinha que arrumar um trabalho para poder treinar, e então recebi a oportunidade de ir para a American Top Team, onde eles iam me pagar. Só que é bem diferente você estar em Curitiba e poder voltar para Fortaleza, e estar em Miami e poder vir para Fortaleza. Minha mãe falava: “Thiago, não vou poder mandar um moto-taxi te pegar lá para vir para cá”. Mas ela sabia que era o que eu queria, era meu sonho, e na época a gente conversou bem com mestre Libório, com os organizadores da equipe, e eles deixaram minha mãe tranquila: "Ele vai vir, vai ter casa, vai ter salário, isso aqui é uma coisa profissional". Ela ficou mais tranquila. Eu não falava inglês, tinha 20 dólares quando fui para lá, mas correndo atrás do sonho, achava que tinha potencial de ser um dos melhores lutadores do mundo e hoje em dia estamos aí.
Na sexta-feira, o Combate, SporTV 3 e Combate.com transmitem ao vivo a pesagem cerimonial, a partir de 19h (de Brasília). No sábado, o Combate transmite todo o card do UFC Fortaleza com exclusividade e ao vivo, a partir de 20h (de Brasília), enquanto o SporTV 3 e o Combate.com exibem as duas primeiras lutas ao vivo. A Rede Globotransmite o card principal com atraso após o Altas Horas.
UFC Fortaleza
2 de fevereiro de 2019, no Ceará
CARD PRINCIPAL (23h, horário de Brasília):
Peso-galo: Raphael Assunção x Marlon Moraes
Peso-pena: José Aldo x Renato Moicano
Peso-meio-médio: Demian Maia x Lyman Good
Peso-leve: Charles do Bronx x David Teymur
Peso-meio-pesado: Johnny Walker x Justin Ledet
Peso-palha: Livinha Souza x Sarah Frota
CARD PRELIMINAR (20h, horário de Brasília):
Peso-médio: Anthony Hernandez x Markus Maluko
Peso-mosca: Mara Romero Borella x Taila Santos
Peso-meio-médio: Thiago Pitbull x Max Griffin
Peso-pesado: Júnior Albini x Jairzinho Rozenstruik
Peso-galo: Ricardo Carcacinha x Said Nurmagomedov
Peso-mosca: Magomed Bibulatov x Rogério Bontorin
Peso-pena: Geraldo de Freitas x Felipe Cabocão
Fonte: SporTV Combate