Pacientes com doenças renais estão preocupados com a falta de pagamentos para as clínicas que atualmente prestam serviços de diálise em Teresina. A Associação dos Pacientes Renais Crônicos teme que pacientes possam ficar sem atendimento no fim do mês de fevereiro. Por meio de nota, as advogadas das clínicas confirmaram um atraso de mais de 40 dias no pagamento referente ao mês de dezembro de 2016.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) prometou se posicionar, mas não enviou resposta até a publicação desta matéria.
De acordo com o presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos, Luiz Gonzaga Moreira Filho, o repasse de recursos do Ministério da Saúde para as clínicas não foi realizado pela FMS. “Está acontecendo de o pagamento que deveria ter sido efetuado no dia 1°, de recursos do Ministério da Saúde, não foi feito pela FMS e a fundação não tem previsão para realizar”, afirmou Luiz Gonzaga Moreira Filho.
“As clínicas podem deixar de prestar o serviço por falta de condições para pagar funcionários e comprar material”, comentou o presidente da associação. Luiz Gonzaga conta que havia uma reunião para tratar do assunto, mas que foi desmarcada sem aviso prévio. “Na segunda (13) era para ter acontecido uma reunião com a FMS, clínicas e associação, mas foi desmarcada quando chegamos”, relatou acrescentando que o pagamento foi adiado por duas vezes até ficar sem previsão.
As clínicas informaram ao G1 que foram pegas desprevenidas ao não receber o repasse de dezembro entre os dias 10 e 12 de fevereiro, mesmo com o Ministério da Saúde tendo publicado que repassou às prefeituras os valores correspondentes à terapia renal no dia 1º de fevereiro.
"Tal situação infelizmente nos levará a total incapacidade de continuar com nossa assistência aos pacientes dialiticos SUS, em virtude dessa instabilidade financeira e total incerteza quanto a regularização dos repasses", diz trecho da nota assinada pelas advogadas Adina Machado e Denise Pádua.
Caso as clínicas deixem de prestar o atendimento, os pacientes teriam de se dirigir ao Hospital Getúlio Vargas (HGV). “Já tem clínica se negando a atender por falta de recursos. Há seis clínicas de hemodiálise em Teresina e se elas fecharem, os pacientes ficam apenas com o HGV, que não tem condições de absorver a demanda”, ressaltou Luiz Gonzaga acrescentando que tolerância para a fundação efetuar o pagamento seria de cinco dias.
As representantes das clínicas afirmam que os atrasos estão deixando as empresas e fornecedores em situação calamitosa. "Viemos cobrar agilidade máxima em efetivar o repasse referente a dezembro/16; além de que haja o compromisso de regularização dos pagamentos referentes aos proximos meses; pois da forma como está, não conseguimos honrar nossos compromissos tanto com fornecedores, empregados, e principalmente com os pacientes".
Cada sessão de hemodiálise custa R$ 179,03 e o valor recebido em média por uma das é de R$ 400 mil. “Se o Ministério da Saúde já repassou os valores e é uma verba carimbada não dá para entender porque a fundação ainda não encaminhou”, comentou o presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos.