Política

Lula e Bolsonaro usam só 5% do debate da Band para apresentar propostas para o País

Foto: Werther Santana/EstadãoO ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o primeiro debate entre presidenciáveis 2º turno.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o primeiro debate entre presidenciáveis 2º turno.

No primeiro debate presidencial do segundo turno das eleições 2022, exibido pela TV Bandeirantes neste domingo, 17, os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) repetiram confrontos anteriores e dedicaram pouco tempo à apresentação de propostas para o País. Os adversários usaram somente 4 minutos e 25 segundos do tempo total de 92 minutos para discutir planos de mudança reais. A discussão de projetos, então, representou cerca de 5% do embate dos postulantes.

Questionados sobre propostas pelos entrevistadores do evento, ambos direcionaram críticas ao passado um do outro, destacando feitos negativos de cada governo, em substituição ao debate de ideias nas diversas áreas prioritárias, como saúde, educação e economia. Na soma final, o petista debateu projetos por três minutos e 45 segundos e Bolsonaro, por 58 segundos.

O candidato do PT criticou o chefe do Executivo pela condução do País durante a pandemia, o orçamento secreto e a política econômica. Bolsonaro, por outro lado, relembrou escândalos de corrupção que marcaram os mandatos de Lula e se defendeu das acusações promovidas pela campanha petista - foi ele quem trouxe, inclusive, a palavra “pedofilia” para o debate.

Por mais que o primeiro bloco do debate tenha sido dominado pelo tema da pandemia e as mortes decorrentes da covid-19, os candidatos ainda apresentaram algumas propostas. Elas vieram logo após pergunta do jornalista Eduardo Oinegue, do Grupo Bandeirantes, sobre como viabilizar promessas de campanha se o presidente controla apenas 4% do orçamento.

Bolsonaro dedicou 17 segundos para se comprometer a tornar o Auxílio Brasil “vitalício”. “A origem virá de uma proposta, que já passou na Câmara, visando à reforma tributária, e está no Senado Federal. Vamos manter essa despesa extra de forma permanente, vitalícia.” Ele também destacou que o governo estuda “privatizar alguma coisa”, sem deixar claro o que seria. “Uma parte (do dinheiro), obviamente, vai para pagar juros da dívida e outra, para irrigar outros projetos.”

Lula também apostou na aprovação da reforma tributária pela Câmara. “Para que a gente possa taxar menos os mais pobres. Por isso, propomos uma isenção (de) até R$ 5 mil do imposto de renda, e cobrar dos mais ricos, que muitas vezes não pagam sobre o lucro e o dividendo.” Ele usou 24 segundos para a arguição.

Quando Vera Magalhães, da TV Cultura, questionou os postulantes sobre projetos que propõem alterações na composição do Supremo Tribunal Federal (STF), Lula destacou que é contra. No entanto, cogitou a possibilidade do estabelecimento de mandato para os ministros. “Acho que a gente pode discutir no futuro, se tiver uma nova Constituinte, quem sabe, ter mandato ou não.”

Questionado pelo jornalista Josias de Souza, do UOL, sobre compra de votos no Congresso e o futuro do orçamento secreto, o ex-presidente Lula dedicou 49 segundos à proposta de criação de um “orçamento participativo”. Respondendo à mesma pergunta, o presidente Bolsonaro usou o tempo para defender sua relação com as Casas Legislativas, rebater o argumento de compra de votos e apontar que parlamentares do PT também receberam emendas do orçamento secreto.

Respondendo sobre educação, Lula usou 1 minuto e 30 segundos para prometer que fará uma reunião com governadores e prefeitos para discutir como recuperar o aprendizado após a pandemia. Bolsonaro usou 22 segundos para propor aprimorar o aplicativo Graphogame, que, segundo ele, auxilia na alfabetização.

Durante o terceiro bloco, no momento de confronto direto, o ex-presidente Lula dedicou 36 segundos para defender sua proposta voltada para a Amazônia. “Destruição, invasão de terra indígena, garimpo ilegal, coisas que vamos proibir no nosso governo”, disse. O petista aproveitou o mesmo contexto para difundir sua proposta de criação do Ministério dos Povos Originários. “Indígenas vão indicar um ministro deste País.”

Fonte: Estadão