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Indicadores de dar inveja e 3 curiosidades sobre a Finlândia, que comemora 100 anos de independência

Mãe e filho em piscina em VaasaDireito de imagemAFP
Image captionA revista britânica The Economist classificou a Finlândia como o terceiro melhor país do mundo para ser uma mãe que trabalha fora

Os finlandeses nos deram o saudoso Nokia 1100, o viciante jogo Angry Birds e o emblemático (e destrutivo) coquetel molotov.

Seu país comemora nesta semana o aniversário de 100 anos de independência da Rússia, proclamada em 6 de dezembro de 1917.

Para lembrar esse marco, selecionamos alguns fatos e curiosidades sobre a Finlândia, que tem uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo e um sistema de educação invejável.

Onnea! ("Parabéns" em finlandês, é claro).

6 dados invejáveis

1. Não é um mau lugar para se nascer...

Bebê dorme em caixa de papelão
Image captionCaixa de papelão é entregue cheia de produtos e pode ser usada também como berço para o bebê | Foto: Milla Kontkanen

Uma caixa de papelão é uma das principais razões por que a Finlândia tem uma das taxas de mortalidade infantil mais baixas do mundo.

Desde o fim da década de 1930, o governo entrega gratuitamente a todas as famílias de recém-nascidos uma caixa de papelão cheia de produtos para bebês - roupas, fraldas, itens de higiene, livros e até brinquedos. E a caixa serve também como berço, já que vem com um pequeno colchão.

Antes da introdução da caixa, o país era muito pobre e a mortalidade infantil era alta, com 65 mortes para cada mil nascimentos. No ano passado, foram duas.

A caixa de papelão se tornou um símbolo da igualdade na Finlândia e foi copiada em diversas partes do mundo.

2. ... nem para ter filhos

A organização Save the Children nomeou o país como o melhor do mundo para ser mãe.

A caixa de papelão tem algo a ver com isso. Mas também com o fato de que elas podem ter até um ano de licença-maternidade e em seguida uma boa reinserção no trabalho.

Além disso, um dos pais pode ficar em casa até a criança chegar aos três anos de idade e ganhar US$ 500 (R$ 1.620) por mês. E o Estado oferece creches gratuitas.

Família em HelsinkiDireito de imagemAFP
Image caption42% dos membros do Parlamento são mulheres, uma taxa superada apenas por oito países

O relatório Global Gender Gap ("Diferenças globais entre gêneros") classificou a Finlândia como o segundo país mais igualitário do mundo em 2016. E a revista britânica The Economist recentemente o definiu como o terceiro melhor país do mundo para ser uma mãe que trabalha fora.

Em termos políticos, 42% dos membros do Parlamento são mulheres, uma porcentagem superada por apenas oito países.

É o único lugar do mundo desenvolvido onde os homens passam mais tempo com seus filhos em idade escolar do que as mães, de acordo com um relatório recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Eles têm direito a nove semanas de licença-paternidade e durante esse período recebem 70% do salário.

3. 'O melhor sistema de educação do mundo'

O sistema educacional da Finlândia é motivo de inveja de governos, pais, professores e até alunos.

O país tem a educação considerada a melhor do mundo e, ainda que nos últimos anos tenha perdido algumas posições no Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), segue sendo um modelo.

Aula em EspooDireito de imagemAFP
Image captionBons resultados sem custo: toda a educação é gratuita, desde a pré-escola até a universidade

É a única nação em que as mulheres têm maiores probabilidades de se sair melhor em ciências do que os homens.

O país ocupa a 5ª posição em ciências a nível global, 4ª em leitura e 12ª em matemática.

Em 2006, estava nos primeiros lugares nas três áreas, e há diferentes interpretações a respeito da perda de posições no ranking. Em 2012, porém, a empresa de serviços educacionais Pearson classificou o sistema de educação finlandês como o melhor do mundo.

4. Um dos países menos corruptos

Nos últimos cinco anos do relatório da organização Transparência Internacional sobre o Índice de Percepção da Corrupção, o país não saiu do pódio.

5. 'A terra dos mil lagos'

Na verdade, são 180 mil. Sem contar as 40 mil ilhas e que 75% do território é composto de florestas, mais do que qualquer outro país da Europa.

Lago em LahtiDireito de imagemAFP
Image captionTem mais superfície coberta por florestas que qualquer outro país da Europa

E não é só isso. Assim como outros países nórdicos, há o jokamiehenoikeus, o direito público de livre trânsito na natureza. Ou seja, é possível passar e pernoitar por certo tempo em terrenos abertos de propriedade privada.

6. Inovação e empreendedorismo

A Nokia não é mais o que era, mas ainda emprega mais de 100 mil pessoas e tem presença em mais de 130 países.

Em 1993, ela nos deu o primeiro celular que podia enviar SMS.

Os maiores cruzeiros do mundo são construídos na Finlândia, assim como os maiores motores a diesel. Há também uma vibrante indústria de videogames - o jogo Angry nasceu ali - e de eletrônicos.

O primeiro navegador de internet que tinha uma interface de usuário também surgiu na Finlândia. Nada mal para um país com pouco mais de 5 milhões de pessoas.

3 curiosidades

1. A maior quantidade de bandas de heavy metal per capita

São cinquenta e quatro bandas para cada 100 mil habitantes.

2. Único lugar fora da Rússia que tem um museu dedicado a Lênin

Museo de Lênin en TampereDireito de imagemAFP
Image captionO museu foi visitado por três líderes soviéticos

Fica no local onde Lênin e Stalin se encontraram pela primeira vez em 1905, na cidade de Tampere.

Foi visitado por três líderes soviéticos: Jruschov, Brezhnev e Gorbachev.

3. São fanáticos por tango

Eles dançam tango desde antes da independência e têm uma versão própria, diferente do argentino.

Seus principais temas são amor, tristeza, natureza e campo.

Um último dado

Dizem que desde criança os finlandeses absorvem a onipresença da sauna em suas vidas.

SaunaDireito de imagemAFP
Image captionCalcula-se que haja 3,3 milhões de saunas no país

Trata-se do país onde surgiu a sauna - calcula-se que existam ao menos 3,3 milhões delas, quase uma por pessoa.

Durante a Guerra Fria, Urho Kekkonen, presidente entre 1956 e 1982, fazia negociações com autoridades soviéticas na sauna da residência oficial.

Era a "diplomacia da sauna", onde todos eram iguais e a política não podia ser escondida embaixo da roupa.

Nas saunas da Finlândia, todos ficam nus.

Fonte: BBC Travel