Saúde

FMS alerta: 82% dos focos de mosquito da dengue estão dentro de casa

A população deve ficar em alerta à proliferação do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. De acordo com dados da Fundação Municipal de Saúde (FMS), 82% dos criadouros do mosquito estão em domicílios habitados na área urbana. O percentual desconstrói o senso comum de que o mosquito é mais encontrado em terrenos baldios ou residências abandonadas.

"Por isso a preocupação maior ainda é dentro das casas nos grandes aglomerados urbanos", frisa Pedro Leopoldino, presidente da FMS. Ele explica que qualquer recipiente com água parada é um ambiente propício para a proliferação do mosquito. O alerta é que, independentemente, de a água estar limpa ou suja, o importante é acabar com os espaços de reprodução do mosquito.

"Não adianta a população jogar no colo do poder público a responsabilidade no combate à dengue. A sociedade precisa e deve participar desse processo, eliminando os reservatórios de água em suas casas", disse. Em Teresina, até o último dia 10 já foram notificados 282 casos. No ano de 2010 foram confirmados 2.548 casos de dengue. Foram quatro óbitos, 40 casos de dengue com complicação e 19 de febre hemorrágica.

A maior epidemia de dengue já registrada no Estado foi no ano de 2007, quando somente em Teresina foram 5.135 casos, com 10 óbitos. Evitar que a situação se agrave depende muito da população, segundo a diretora de Atenção e Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), Telma Evangelista, que pede aos piauienses que reforcem as ações preventivas. "Destruam esses criadouros, porque a dengue só tem uma forma de ser transmitida, por meio da picada do mosquito Aedes aegypti, e ele só procria em águas paradas", alerta. Pedro Leopoldino acrescenta que o mosquito transmissor da dengue se adaptou. Se antes, teoricamente, o Aedes aegypti se reproduzia apenas em água limpa, uma descoberta recente indica que ele não está mais tão exigente.

Em alguns Estados já foram encontradas larvas do mosquito em recipientes com água contendo resíduos de sal e até com produtos químicos, como tinta e combustível. Para as autoridades, a novidade é preocupante. "A capacidade de adaptação do mosquito é impressionante", comenta. Para ele, porém, as ações de combate ao Aedes aegypti devem continuar as mesmas. A Prefeitura de Teresina realiza ações de combate ao mosquito regularmente nos bairros da capital.

Contudo, Pedro Leopoldino lembra que todas as ações devem ser em conjunto com a população. "A equipe de limpeza tira o lixo, faz coleta, mas imediatamente as pessoas colocam lixo de volta. Pedimos ao máximo a cooperação da população", pontuou.

Em 2011, Piauí já notificou 863 casos

Um levantamento feito pelo Ministério da Saúde mostra o Piauí como um dos estados com risco "muito alto" de sofrer uma epidemia de dengue este ano. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi), já foram notificados 863 casos, com 473 confirmações laboratoriais. Ainda de acordo com informações da Sesapi, os casos notificados este ano em comparação com o mesmo período de 2010 tiveram um aumento de 51,8% este ano.

A diretora de Atenção e Vigilância Epidemiológica da Sesapi, Telma Evangelista, informou que equipes da Secretaria estão monitorando os municípios com maior quantidade de casos notificados de dengue em 2011. É o caso de Piripiri, Matias Olímpio, Capitão de Campos e Barreiras. "No Piauí são 70 municípios que estão recebendo uma atenção especial, conforme o Plano de Contingência da Dengue. Estamos nos mobilizando para ações de assistência e prevenção", afirmou Evangelista.

Chikungunya: nova doença pode ser confundida com dengue

A descoberta de uma nova doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti, causador da dengue, deve deixar a população em alerta. No Rio de Janeiro e em São Paulo, três casos de chikungunya, nova doença, foram confirmados em 2010. Segundo informações da Associação Brasileira de Controle de Vetores e Pragas, a população deve ficar atenta tanto para a prevençãoda dengue, quanto para as características da nova doença, com origem no Sudeste asiático.

Assim, como a dengue, é fundamental que, especialmente nesta época do ano, as pessoas se conscientizem sobre combater o foco do mosquito, evitando a proliferação do mesmo. A nova doença que chegou ao Brasil tem as mesmas características e sintomas que a dengue, e por isso, podem ser confundidas.

Porém, o médico sanitarista Luís Albuquerque Farias explicou que a chikungunya só pode ser transmitida pela picada do mosquito, e não de uma pessoa para outra. Ambas as doenças causam sintomas como febre alta, inicialmente, e dores no corpo, especialmente nas articulações. Os três pacientes que tiveram a doença, a chikungunya, estiveram na Índia e na Indonésia, onde foram picados. Para o médico sanitarista, a proliferação da nova doença só ocorrerá se estes ou outros que retornarem da Ásia e foram contaminados sejam picados, também, pelo Aedes Aegypti no Brasil.

Contudo, Luí s Albuquerque destaca a importância da prevenção como mecanismo de combate às duas doenças. "É importante a participação de toda a sociedade em prevenir a propagação evitando o criadouro do mosquito da dengue. É melhor eliminar o criadouro do que usar inseticida. As pessoas podem reservar um dia da semana para limpar a casa e remover os recipientes que venham a ter água parada, até mesmo ajudando os vizinhos a fazer o mesmo", orientou.

Primeiros sintomas podem ser confundidos com virose

A gripe e a dengue são duas doenças que, por apresentarem os mesmos sintomas, são frequentemente confundidas. Além da febre alta, são sintomas comuns às duas doenças dores nos músculos e na cabeça. Por isso, os especialistas são unânimes em recomendar que, ao aparecerem os primeiros sintomas, a pessoa deve procurar assistência médica para realização do diagnóstico.

O médico Herbet Igor Sales informa que no primeiro dia as duas doenças são muito parecidas. "Já no segundo dia de gripe, começam a aparecer sintomas respiratórios, como tosse, coriza e dor de garganta. Calafrios, suor excessivo e indisposição também acometem a pessoa com gripe", disse.

Contudo, ele lembra que nos casos de dengue clássica, são relatadas náuseas, vômitos e manchas avermelhadas pelo corpo. A dor de cabeça na dengue é localizada geralmente atrás dos olhos, enquanto na gripe é mais difusa. "Mas é preciso saber que nem sempre a pessoa apresenta todos os sintomas, por isso o diagnóstico deve ser feito por um médico", frisou.

Além da dengue, conforme pontua o médico Herbet Igor Sales, a gripe pode ser confundida também com outras viroses respiratórias, mas seus sintomas são mais intensos e persistentes, como febre alta, muita dor no corpo e sensação de cansaço. "O resfriado, por exemplo, causa febre mais baixa e tem predominância de manifestações nas vias aéreas superiores", destacou.

O diagnóstico da dengue é feito por meio da contagem de plaquetas e leucócitos, bem como medição da pressão arterial e prova do laço. Mas a confirmação se dá apenas por meio do isolamento viral ou da sorologia. Já para a gripe, a confirmação acontece por meio de exames laboratoriais de sangue e de secreções respiratórias.
 

Fonte: Jornal O Dia