Política

Ditadura: Bolsonaro pediu que Enem chamasse o Golpe de 64 de “revolução”

Foto: Evandro Teixeira e Andressa Anholete (GettyImages)/ReproduçãoDitadura: Bolsonaro mandou que Enem chamasse o Golpe de 64 de “revolução”
Ditadura: Bolsonaro mandou que Enem chamasse o Golpe de 64 de “revolução”

O caso envolvendo as denúncias feitas por ex-servidores do Inep sobre o Enem 2021 continua a todo vapor! Na manhã desta sexta-feira, 19, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem dizendo que o presidente Jair Bolsonaro pediu para que o Golpe de 64 fosse tratado como "revolução" no exame. O pedido teria sido feito ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, que teria repassado a ordem ao MEC.

Por não ter embasamento histórico, ou seja, não ser pautada em fatos, a solicitação não foi atendida - mas acabou sendo divulgação à Imprensa. A ordem também era de censurar questões sobre igualdade e identidade de gênero, orientação sexual e racismo.

Inclusive, vale destacar que, desde 2019, quando Bolsonaro assumiu o poder, mais nenhuma questão sobre a Ditadura Militar (1964-1974), tema de História bastante comum nas provas, apareceu no exame. Não curiosamente, o presidente, um capitão do exército reformado, é um defensor assíduo do golpe e dos anos de chumbo. Em diversos momentos de sua carreira política, se demonstrou a favor do fechamento do Congresso, da tortura e já espalhou fake news sobre o assunto, dizendo, por exemplo, que, "graças aos militares, hoje temos democracia". Em 2016, quando ainda era deputado pelo Rio de Janeiro, Bolsonaro participou do Programa Pânico, da Jovem Pan, e disse que "o erro da Ditadura foi torturar e não matar" Dilma Rousseff. Ele também já minimizou torturas, que historicamente são comprovadas e aconteceram durante o período militar, e homenageou figuras como o coronel Carlos Brilhante Ustra, um dos torturadores mais temidos da Ditadura brasileira. Comprove a seguir:

Nesta semana, durante comitiva oficial no Oriente Médio, Jair Bolsonaro declarou que finalmente as questões do Enem estão tendo a cara do governo, o que gerou muita desconfiança, uma vez que a declaração foi dada após 37 servidores do Inep terem pedido demissão de seus respectivos cargos, alegando que o Governo estava interferindo nas provas e que colocaram até a presença de um policial federal no local onde o exame é elaborado, para pressionar e fiscalizar. Na sequência, Milton Ribeiro, ministro da Educação, tentou acalmar os ânimos, dizendo que as pessoas tinham incompreendido o presidente mais uma vez, que falou que o Enem terá a cara do governo "no sentido de competência, honestidade e seriedade".

Até o momento, nem o Inep, nem o MEC, nem Jair Bolsonaro se pronunciaram sobre. Parafraseando a atriz Bella Camero, em cartaz com o filme Marighella, dirigido por Wagner Moura: "Um povo pensante é muito perigoso", disse em entrevista à revista Marie Claire.

Fonte: Capricho