O ser humano não sabe o que existe depois da morte, por isso acaba criando mitologias que explicam o que acontece com a nossa alma – se é que temos uma, é claro – depois que partimos deste plano. Em muitas culturas, existem guias que possuem a função de mostrar o caminho para os recém-desencarnados.

Essas entidades são chamados de psicopompos, que tem origem na palavra grega “psychopompós”, uma junção de “psyche” (alma) e “pompós” (guia). E nem sempre elas são seres bonzinhos, não: alguns podem te deixar com medo de bater as botas. Mas como isso é inevitável, é interessante aprendermos quem nós poderemos encontrar quando a nossa hora chegar. Anota lá:

1. Anguta

Os esquimós indígenas da Groenlândia, chamados inuítes, acreditavam que as almas dos mortos eram buscadas pelo Anguta. Primeiramente, esse psicopompo encaminhava os falecidos até o submundo chamado Adlivun, que seria uma espécie de purgatório. A alma apanhava pra caramba, a fim de eliminar todo o mal que havia acumulado em vida.

Normalmente, as almas ficaram cerca de 1 ano nesse lugar, comendo o pão que o diabo amassou. Depois disso, ela estaria livre para chegar ao reino dos céus, que na tradição inuíte era chamado de Terra da Lua. O Anguta quase sempre vinha sozinho, mas às vezes tinha a companhia de Pinga, a deus da caça, da fertilidade e da medicina.

2. Ixtab

Muitas culturas condenam o suicídio, mas isso não acontecia entre os maias. A alma dos suicidas era buscada por Ixtab, a esposa do deus da morte. Na maioria dos casos, a prática de tirar a própria vida era vista com honrarias por esse povo, e por isso a alma das pessoas merecia um tratamento especial.

Ixtab acompanhava esses desencarnados até um paraíso, que era compartilhado pelos suicidas, pelas vítimas de sacrifícios, pelas mulheres que morriam no parto, pelos sacerdotes e pelos guerreiros. A entidade costumava ser representada como um cadáver em decomposição, pendurado em uma árvore e com os olhos fechados – daí, talvez, o apreço de Ixtab pelas vítimas de enforcamento.

3. Guédé

No Haiti, os praticantes de vodu acreditavam na figura de Guédé, ou Papa Guédé, que seria o cadáver do primeiro homem a morrer na história. Sua figura era um tanto assustadora, já que ele era um cadáver baixinho e moreno, que fumava muito e usava uma cartola esquisita. Seu humor também era peculiar e primitivo, mas ele conseguia compreender qualquer um de nós, já que era capaz de ler as mentes dos recém-falecidos.

Guédé costuma encontrar as almas das pessoas no exato momento em que elas morrem – ou seja, não tem muito para onde fugir. Ele sabia tudo o que acontecia tanto no mundo dos mortos quanto no dos vivos e conduzia os desencarnados até a vida eterna. Nada mal, hein?