Dr. Valrian Feitosa

Dr. Valrian Feitosa
Médico cirurgião cardiovascular e cirurgião geral. Formado em Medicina pela Universidade Federal de Campina Grande (PB) com residências em Angiologia e Cirurgia Vascular pela Escola de Saúde Pública do Ceará e em cirurgia gerel pela UFPI

Saúde, difícil tratar do tema

                                                 


            Há mais ou menos sete anos conclui a faculdade de medicina. Foram longos e intermináveis anos de alegrias, noites sem dormir e o início do que ainda levariam pelo menos igual período para que pudesse ser capaz de fazer o que faço todos os dias desde então : cuidar das pessoas .
             Com pouco tempo de formado, alguns dizem experiência, percebo as mudanças no modo de exercer a medicina . Primeiro, as pessoas hoje não nos vêem como antigamente, Médico era sinônimo de ser inquestionável. No advento da tecnologia, os conhecimentos médicos hoje são compartilhados democraticamente. Segundo, as mazelas embora nos pareçam novas, na verdade são as mesmas de outrora. As enfermidades acometem a todos de forma desigual, os pobres sofrem de diarréias, hipertensão arterial, diabetes, violência urbana, resultado de um determinismo complexo pela falta de educação, sobretudo , e investimento mínimo em condições sanitárias . Aliás, nosso Piauí ainda amarga o último ou penúltimo lugar . Pra não fugir do tema, os “ricos “ padecem bem menos, a longevidade é que traz consigo doenças típicas,para não esquecer a artrose, artrite, etc. Essa pequena minoria não depende diretamente do SUS a não ser que precisem, por exemplo, de um transplante .
           Ser médico, na concepção da palavra, e seguidor dos preceitos de Hipócrates de forma autêntica conduz a realizar-se de forma plena . Como profissional, a conhecer as inovações . Pessoal por escolher uma profissão que nos da garantias a curto espaço de remuneração mínima e mais importante de todas, a espiritual. Ajudar a curar quando possível ou amenizar sempre os sofrimentos, remete a todos que a exercem com dignidade, um sentimento indescritível .
             Nosso Piauí, quem diria apesar de muitos por aí o considerarem atrasado sobre vários aspectos faz uma propaganda afora como centro de referência médica. É verdade, aqui realizamos medicina de alto nível sem perder para muitos centros. No diagnóstico e tratamento das doenças que cotidianamente somos procurados por pessoas provenientes de várias partes do país, especialmente nossos irmãos maranhenses .
Por outro lado, a explosão hospitalar que encarece os gastos públicos denuncia outro fato lastimável: a forma que gestores de cidades menores fazem saúde de forma imoral e corrompida, malversam dinheiro público, tendo como resultado a ambulânciaterapia .
            Qual o preço da saúde . Para muitos virou um clichê, mas infelizmente existe, ela não tem preço, mas custo. Um paciente custa muito caro para ser mantido em um leito hospitalar: energia, água, medicamentos, profissionais médicos e enfermeiros, exames laboratoriais e de imagem. Quem quer pagar a conta . É so fazer um orçamento em uma cirurgia ou internação simples em um hospital particular, para se ter a dimensão .
Está na constituição a saúde é um dever do Estado. Quantos já não morreram e perecem hoje. A bem da verdade, os recursos destinados para o custeio da saúde pública são escassos e mal aplicados. A saída ou a redenção para muitos, seria a aprovação da Emenda 29 que destinaria percentuais fixos pelos estados , municípios e União. Vislumbremos um futuro melhor quem sabe para nossos netos .
           Como havia dito, o principal problema da saúde  encontra - se  na educação ou falta dela. O controle social nunca será mesmo eficaz com nossa população ignorante desconhecedora dos seu direitos mais elementares, o acesso a educação e a saúde. Na Suécia, um ministro da saúde cai por queda de taxa de adesão a vacinação pública. Muito diferente daqui que a Dengue , virose transmitida por um mosquito e que gosta do convívio humano ameaça e faz vítimas fatais em nosso Estado .
            Mas o que dizer e esperar de nós mesmos se temos a pior educação pública do país e nossas escolas estão quebradas, professores são massacrados com baixos salários, nossa classe política local executiva e parlamentar, inexpressivas nacionalmente defendem apenas interesses particulares. Vivemos uma anestesia, estado de paralisia, mansidão ...
            Enfim, falar de saúde também é estar atento a essas questões políticas, sociais e econômicas até por que estão intrínsicamente ligadas. Nas próximas edições, falarei um pouco especificamente de minha especialidade que trata das doenças arteriais, venosas e linfáticas, por que entendo que a informação também é um ótimo remédio para cura.