Dr. Valrian Feitosa

Rio de Janeiro: Francisco Leão
Graduado em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Faculdade Santo Agostinho. Trabalhou no portal Acessepiauí, Rádio Antares, Coordenadoria de Comunicação do Estado do Piauí (CCOM). Atualmente é repórter do Jornal Atual (RJ)

São João Marcos; ruínas que preservam história

Inaugurado em junho de 2011 em uma área de 930 mil metros quadrados, o Parque Ambiental e Arqueológico de São João Marcos figura como nova rota do turismo cultural no Rio de Janeiro e, pela sua relevância do ponto de vista histórico, merece ser visitado. O lugar resgata a memória de uma das mais importantes cidades do período colonial e estar situado no Vale do Paraíba Fluminense, às margens da antiga Estrada Real que, atualmente, também serve para a prática de esportes radicais, como skate dawnhill. O parque recebe diariamente turistas, estudantes e pesquisadores e a entrada é gratuita.

Fotos Francisco Leão

Caminhar pelas ruínas da extinta cidade de São João Marcos é, ao mesmo tempo, comtemplar a natureza


De Mangaratiba até o parque, por exemplo, são quase 30 km. Todo o percurso é feito pela RJ-149, uma pequena estrada arborizada e curvas acentuadas, percorrendo a Serra do Piloto com um visual deslumbrante e o verde da Mata Atlântica. No caminho, há trechos que permanecem originais da Estrada Real, com o mirante onde Dom Pedro parava para apreciar a vista e quedas d’água.
Caminhar pelas ruínas da extinta cidade de São João Marcos é, ao mesmo tempo, contemplar a natureza e revisitar uma história que quase foi apagada. A população do município atingiu seu auge no final do século XIX, com cerca de 20 mil habitantes. Na época possuía estrutura urbana de razoável expressão: prefeitura, cadeia, hospital, igreja, colégios, teatro, clubes associativos e esportivos. A cidade, por sua vez, foi criada em 1737 e demolida em 1940, em função da construção da represa de Ribeirão das Lages que ao entrar em operação poderia inundar todo o município. Contudo, há relatos de que a água atingiu um nível bem abaixo do esperado e que a sua demolição tinha sido desnecessária.

A cidade foi criada em 1737 e demolida em 1940
No parque, o visitante pode de forma lúdica e didática associar as evidenciações arqueológicas com a história do lugar. Antigas fotografias de como era a cidade, seu povo e costumes estão ao alcance de quem passa pelo lugar. É possível compreender que o Parque Arqueológico e Ambiental de São João Marcos tenha características inéditas para os padrões brasileiros e dotado de uma área de visitação moderna e sofisticada.
Hoje, resta pouco de São João Marcos. O local virou pastagem, apesar de ainda existirem alguns calçamentos em meio ao matagal às margens da rodovia RJ-149 entre os municípios de Rio Claro e Mangaratiba.

Caminhando pela antiga rua principal, avistam-se algumas ruínas. Uma única ponte resiste, intacta, como se ainda esperasse por passantes, noutras palavras por seus moradores que um dia viveram ali. Da ponte, pode-se avistar, no alto do morro, o cemitério público; o branco dos túmulos salta entre o verde, lembrando que, num passado não muito distante, aquela cidade teve vida e foi habitada por algo mais que pequenos pássaros.